Da esquerda para direita, Garibaldi (Sociais), Eugênio (Física), Ale Morales (Pedagogia), Régis (Dança) e Marchesi (Estatística) no Acampamento Farroupilha. |
Já se falou e mesmo exagerou deveras o elitismo, o racismo e o fiasco da guerra dos farrapos, bem como da idealização, machismo e artificialidade do tradicionalismo gaúcho. E há quem sugira uma homofobia explícita e sugira uma homossexualidade reprimida que, bastaria ultrapassar o Mampituba (rio que separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina) para se expressar. Tudo isso tem um fundo de verdade soterrado por invejas, rancores e paradoxais preconceitos.
Costumo manifestar minha posição sobre a guerra dos Farrapos observando que nasci e me criei na "leal e valerosa cidade de Porto Alegre" que, grosso modo, resistiu aos farrapos. Mas também não me ufano de ser brasileiro ou "imperial". Na época da revolução meus ancestrais mais imediatos não existiam e meus ancestrais da época, de quem nem sei os nomes... alguns de certo nem viviam no Brasil, outros talvez fossem cá escravos ou cidadãos livres só muito em tese. O sobrenome de meu pai ("Coimbra", que era de Passo Fundo) e que herdei, e o de minha mãe ("Caetano", que é de Arroio Grande) e que não herdei, brincamos em família que recebemos em algum momento provavelmente como a marca de gado, ao estilo "as gentes (empregados, escravos) dos Coimbras", "as gentes dos Caetanos".
Ficou clara minha posição? Não? Pois é... Então ficou.
"Desenhando", nasci em 1968, muito tempo depois da guerra dos Farrapos, em Porto Alegre, tendo passado alguns verões com a família de um tio materno na cidade de Camaquã e, nesses verões, passando algumas semanas na área rural de Camaquã. Fui guri de apartamento, da capital, que "ia para fora, para o interior" nas férias escolares. Mesmo em Porto Alegre, na companhia de empregadas, ouvia muito a "radio caiçara" e outras, onde soavam gravações de Roberto Carlos e Odair José. Gostava de ambos e de uma abertura de um programa de contos fantásticos que começava com a impactante abertura do concerto em si bemol menor de Tchaikowsky. Ou seja, muito antes da televisão por assinatura e da internete havia uma imensa variedade de estímulos, influências e informações a disposição da minha curiosidade. Ah... em Camaquã e no interior de Camaquã se ouvia mais música gaúcha, mas também peguei a época em que "Menino da porteira" de e com Sérgio Reis, estourou como grande sucesso nacional e, bem, muito ouvi e "curti" essa música na infância.
Por outro lado, só subi num cavalo, e só para tirar foto, ano passado. E muito por acaso (nas atividades acadêmicas da disciplina de Políticas Publicas da Educação), no semestre passado subi e controlei um cavalo (uma égua, para ser exato) e fiquei impressionado com o quanto foi simples, fácil (mais do que andar de bicicleta) e outro tanto preciso. Também só me "fantasiei de gaúcho" ano passado, por conta das atividades acadêmicas da disciplina de Danças Folclóricas Gaúchas" e, para mim foi exatamente isso, vestir uma fantasia... bonita mas arbitrária e um tanto "fake".
Não por isso deixo de há quatro anos manter o hábito que adquiri quando administrei o "condomínio" de uma sala comercial onde trabalhávamos alguns advogados e depois eu trouxe uns psicólogos e comerciantes para dividir as subdivisões da sala, para lucro da proprietária. O hábito consiste em deixar a barba crescer em setembro até pelo menos o dia 20. Acho divertido conferir quantos fios brancos mais aparecem de um ano para o outro.
Ficou mais claro? Pois é: sou brasileiro, gaúcho e portoalegrense, nascido em 1968 (ano do endurecimento da ditadura militar, ou "do golpe dentro do golpe"). Posso acrescentar (com o bordão da canção famosa de Berenice Azambuja) que gosto de "churrasco bom chimarrão, fandango trago e mulher..." mas que, para gaúcho, só me fantasiando. Em tempo, detesto a cerveja Polar.