quarta-feira, 21 de maio de 2014

Quando o interesse partidário está acima dos interesses dos estudantes

petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva, Pró-Reitor
de Assuntos Estudantis da UFRGS
O Movimento Estudantil Liberdade, precursor do ideário apartidário nas entidades estudantis, sempre denunciou os males da interferência dos partidos políticos nos interesses dos estudantes. Recentemente, a comunidade acadêmica da UFRGS se viu atingida por mais dois duros golpes proporcionados pela ingerência do Partido dos Trabalhadores (PT) dentro da universidade e, em ambos os casos, o personagem central foi o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, o petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva.

Em razão do fato do atual Estatuto do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS não estar de acordo com as regras Novo Código Civil, a diretoria da entidade convocou e realizou uma série de Assembleias, que teve ampla participação dos estudantes, para rediscutir o estatuto e adequá-lo às normas vigentes. A principal proposta referente ao Estatuto era assumir a Carta de Princípios do Movimento Estudantil Liberdade, grupo fundado por Gabriel Afonso Marchesi Lopes e outros estudantes da UFRGS em 2006, como balizadora dos princípios e das ações do DCE da UFRGS.

E-mail enviado por Ângelo ao CPD solicitando, sem
justificativa, o cancelamento da votação sobre o
novo Estatuto do DCE da UFRGS
A partir daí, uma série de propostas de Marchesi seriam adotadas pelo DCE/UFRGS como forma de democratizar a entidade máxima dos estudantes, sendo a principal delas o novo modelo de realização de eleições no âmbito do DCE, onde os estudantes poderiam votar nas eleições para o órgão e para os conselhos e câmaras superiores da UFRGS através do sistema de Portal do Aluno, onde o voto poderia ser efetuado a partir de qualquer computador conectado à Internet, tal qual já ocorre nas eleições para os representantes dos docentes e dos técnicos-administrativos.

Nota publicada pelo DCE sobre o caso
(clique para ampliar)
A votação dos encaminhamentos do novo Estatuto, que possibilitaria a maior democratização dos espaços estudantis, foi marcada, após os necessários debates com toda a comunidade acadêmica, para o dia 14 de maio. Tal votação já havia sido aprovada pelo Centro de Processamento de Dados (CPD) da UFRGS e não havia sido encaminhado ao DCE nenhum questionamento sobre a legalidade dela. Porém, de forma ardilosa e infeliz, o petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva, fazendo uso indevido de seu cargo como Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, no dia 13 de maio, apenas 13 minutos antes de encerrar o expediente da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, enviou um e-mail ao CPD/UFRGS solicitando, sem maiores explicações e justificativas, que a votação fosse cancelada.

Assim, na manhã do dia 14 de maio, quando todos os estudantes da Universidade foram votar, se depararam com a mensagem de que a eleição havia sido cancelada. Os dirigentes do DCE/UFRGS também foram pegos de surpresa por esse maldoso artifício e prontamente se encaminharam à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis para pedir mais explicações sobre o ocorrido, porém, chegando lá, para a surpresa de todos, foram informados que o petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva simplesmente havia saído de férias após realizar o ato que foi um verdadeiro atendado contra todas as estruturas democráticas do movimento estudantil da UFRGS.

Ângelo durante a campanha do PT para a Maria
do Rosário
Porém, por mais chocante que tenha sido tal ação, ela não foi inédita. Em 2012, o petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva já havia feito algo semelhante ao impedir que as eleições para o DCE/UFRGS naquele ano fossem realizadas através do Portal do Aluno (clique aqui para mais detalhes). Infelizmente, por mais que os estudantes se mobilizem e trabalhem para aumentar a representatividade das entidades estudantis, através da implementação de sistemas digitais que possibilitariam acesso às discussões e votações de assuntos de interesse de toda a comunidade acadêmica, vemos que o petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva, ironicamente ocupante do cargo de Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, está engajado em uma verdadeira cruzada contra os estudantes e contra a democracia, buscando com todas as forças impedir que tais sistemas digitais sejam implementados.

O segundo revés sofrido recentemente pelos estudantes diz respeito à volta do suco nos Restaurantes Universitários, uma antiga bandeira do Movimento Estudantil Liberdade que estava sendo levada adiante pelo DCE/UFRGS. Na UFRGS, não é segredo para ninguém que a gestão de Ângelo Ronaldo Pereira da Silva na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis é sofrível e deixa muito à desejar, sendo este personagem ocupante do cargo mais por laços de amizade com o Reitor Carlos Alexandre Netto do que por competência, sendo um dos principais problemas de sua medíocre gestão a má gerência nos Restaurantes Universitários. 

Com o petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva à frente do órgão que gerencia os Restaurantes Universitários foi batido o recorde de 76 notificações de irregularidades por parte da Vigilância Sanitária e  pela primeira vez na história da UFRGS o Restaurante Universitário do Campus do Vale foi interditado pela Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) de Porto Alegre por falta de condições sanitárias adequadas (clique aqui para mais detalhes), permanecendo fechado por 12 dias.

Ângelo e o Reitor Carlos Alexandre em um momento
de descontração com Maria do Rosário e outros petistas
No RU sob a responsabilidade do petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva foi constatado o péssimo estado de conversação em utensílios de cozinha como tábuas de corte, caixas plásticas e panelas. Havia ainda coifas e canos de condução e gás com acúmulo de gordura, fator que propicia a presença de insetos, baratas e ratos. Ainda, a estrutura física da cozinha apresentava problemas como forro aberto, ausência de porta na área de manipulação de alimentos, fossas abertas exalando fortes odores, acúmulo de água no piso em função de vazamentos no encanamento, ausência de barreiras físicas eficientes para impedir a entrada de insetos e encanamento sem conexão com esgoto. Foram observados ainda lixeiras sem pedal e com acionamento manual da tampa, teto sujo, acúmulo de sujeira embaixo das pias e ralos abertos. A câmara fria também estava superlotada de alimentos, aspecto que prejudica a conservação dos produtos, além de não haver produtos como álcool gel, sabão e papel toalha, necessários para a higienização das mãos dos responsáveis pela manipulação dos alimentos.

Assim, considerando que o petista Ângelo Ronaldo Pereira da Silva demonstrou não ter competência nem mesmo para garantir que a pia do RU esteja limpa, o DCE/UFRGS, ciente de um problema que já havia sido alertado pelo Movimento Estudantil Liberdade  (clique aqui para mais detalhes), tomou a frente das discussões sobre a volta do suco nos restaurantes universitários, entrando em contato com a empresa Sucos Petry, empresa com mais de 40 anos de mercado, para onde foram encaminhados os dados obtidos através da Divisão de Alimentos da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis. A empresa ofereceu a proposta de fornecer suco natural de laranja à R$0,89 por copo de 250ml aos estudantes. Tal proposta foi encaminhada à Universidade que, surpreendentemente, rejeitou sob o argumento de que havia “desinteresse da administração central na proposta”.

Enfim, por esses e outros motivos o Movimento Estudantil Liberdade repudia a ingerência de partidos políticos dentro das Universidades e entende que necessitamos de um novo Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, que seja comprometido com a democracia, com o atendimento das necessidades dos estudantes e com a melhoria dos serviços prestados.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

A desmilitarização das polícias

Por Bilmar Angelis de Almeida Ferreira*

Refleti bastante sobre diversas coisas que li nas redes sociais e em outros sites especializados e gostaria de contribuir um pouco para os debates sobre a desmilitarização das polícias. Particularmente, acho que o discurso de que "o problema da segurança pública no país é o militarismo das PM´s é pobre, inconsistente e carece de maior sustentação acadêmico-científica.

Nada do que escrevo abaixo é direcionado especificamente a alguém: respeito e defendo que todo pensamento responsável e lícito deve ser expressado livremente. Também espero que não recebam-me com rudeza, pois são somente algumas opiniões e considerações:

"Ismo" é o sufixo, em latim, para designar doenças e síndromes (botulismo, tabagismo, alcoolismo...). Em minha opinião, classificar a estrutura militar como militarismo, consiste em lhe atribuir a mesma característica: a de uma doença ou síndrome da qual as organizações policiais são acometidas. Talvez, esta visão distorcida seja transmitida como discurso por quem tenha o interesse de macular as organizações que prestam serviço tão relevante ao Estado e ao povo brasileiro, sendo, por muitas vezes, a última linha de defesa - aquela que separa o estado democrático de direito do caos e da anarquia;

Tive a oportunidade de contato com corporações policiais, em países tais como as do Uruguai, Canadá e Estados Unidos que são de natureza civil, no entanto, adotando uma estética puramente militar (planejamento, organização, hierarquia, disciplina, uniformes, continência, treinamento, modo de operação e distribuição de missões...). Estas organizações não são militares, mas se consideram "militarizadas" ou "paramilitares". Até mesmo os rankings (postos e graduações) de alguma forma, assemelham-se às organizações de caráter militar.

A grande diferença é que, em alguns destes países com as quais tive contato, a cultura local privilegia o cumprimento do que é correto e do que é decente e você não precisa dizer o tempo todo a todos que esta ou aquela conduta está errada ou em descordo com a lei e com a ordem. O cidadão não se sente na obrigação de ficar sendo vigiado por um representante do Estado para cumprir com as suas obrigações. Também pude perceber que a população identifica os seus militares e seus policiais como sendo os seus heróis. Estes, por sua vez, têm orgulho de pertencer às suas corporações

Mesmo em organizações privadas, com as companhias aéreas, universidades, fábricas, identifico um certo "quê" desta estética militar. A grande diferença reside no fato de que, nas organizações privadas, geralmente o indivíduo segue a cultura da empresa e que boa parte da sua disciplina nasce do temor ser penalizado com a perda do emprego ou sanções pecuniárias.

Vale lembrar que as primeiras escolas da administração se inspiraram em dois tipos de organizações para conceber seus modelos originais: A Igreja Católica e as Organizações Militares, de quem herdaram princípios como o da amplitude administrativa, estrutura de estado-maior (staff de assessoramento), estratégia, unidade de comando, disciplina, controle, padronização de procedimentos.

Outro mito, nos discursos que observei, é o de que fomos formados para a guerra e para o combate aos inimigos da pátria: Fui formado à vinte um anos passados e não me recordo de ter sido preparado para combate - exceto em instruções específicas que se alinham à nossa missão constitucional subsidiária, de servir como força auxiliar e reserva do Exército em tempos de perturbação da paz. Ao que me recordo, o Brasil já não entra em guerra há alguns anos.

Lembro-me sim, de ter sido formado para ser um policial firme, dentro de um conjunto de valores ético-morais e para atuar em defesa do cidadão e da sociedade, estudando muita legislação, técnica policial, administração e gestão e diversas cadeiras das humanidades como sociologia, filosofia, psicologia, direitos humanos e polícia comunitária. De fato, não consigo conceber como alguém, formado dentro desta visão, pode estar se preparando para uma guerra contra o cidadão.

Honestamente, gostaria de saber como, os adeptos do discurso da desmilitarização laissez faire, imaginam que uma funciona uma organização "desmilitarizada": Se é com policiais desuniformizados, cabeludos, barbudos (???), cada qual com sua linha de pensamento e de conduta: Sim, por que desmilitarizar, quase que se torna sinônimo de desorganizar, desidentificar, ou sei lá que outro "des" se pensa à respeito.

Não sou contrário às mudanças, mas penso que os libertários que propõe o fim das policiais militares, a desmilitarização, a unificação, e outras panacéias podiam, juntamente com o problema, trazer também a solução. Acho esta estória parecida com a que me contaram a alguns anos - aquela do sujeito que chegou em casa e flagrou a sua esposa no sofá com o amante e tomou uma decisão drástica: vendeu o sofá.

Parece piada, mas imputar os problemas do aumento da criminalidade e da violência à militarização das polícias sem considerar outras variáveis - como a fragilidade legal, a morosidade do judiciário, a falta de políticas públicas que privilegiem geração de emprego e renda e a deficiência nas bases sociais, especialmente saúde, educação e moradia - é tão somente adotar a drástica solução de "trocar o sofá de lugar".


*BILMAR ANGELIS DE ALMEIDA FERREIRA é Major da Polícia Militar do Distrito Federal. Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação pela Universidade Católica de Brasília. Autua como professor universitário e pesquisador.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Nota de repúdio à ocupação da Faculdade de Direito da UFRGS

O DCE Livre – Movimento Estudantil Liberdade, grupo que apoia a atual gestão do DCE/UFRGS, através do presente, manifesta seu REPÚDIO à ocupação da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul por parte de militantes radicais de extrema esquerda ligados a partidos políticos nanicos e irrelevantes no cenário nacional.

É fato que a maioria dos extremistas que hoje estão prejudicando as atividades acadêmicas na Faculdade de Direito sequer são estudantes do curso de Direito, aliás muitos deles nem mesmo são estudantes da UFRGS. Por trás de suas reivindicações, que possuem forte apelo emocional, estão interesses políticos e bandeiras partidárias, não obstante as próprias reivindicações serem vazias, pois fogem da competência da Direção e dos órgãos colegiados daquela unidade acadêmica.

Os militantes pedem a anulação do último concurso para o Departamento de Direito Penal e Criminologia, onde manifestam suspeita (não comprovada) de fraude, todavia  a anulação ou homologação de concursos no âmbito da UFRGS não é de competência das Unidades Acadêmicas, isto é, não cabe à Faculdade de Direito anular ou homologar o referido concurso, mas ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), órgão técnico, com funções deliberativa, normativa e consultiva sobre ensino, pesquisa e extensão, integrado por Plenário e Câmaras de graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão. Assim sendo, caso a reivindicação fosse séria, ela deveria ser encaminhada à Câmara de Graduação (CAMGRAD), que integra o CEPE e que é o órgão competente para homologar concursos para admissão de pessoal docente.

Dessa forma, vale lembrar que muitos militantes, que hoje fazem parte da ocupação na Faculdade de Direito, já foram eleitos para ocupar uma vaga de representante discente na Câmara de Graduação, porém tiveram seus mandatos CASSADOS por excesso de faltas, isto é, receberam os votos e a confiança dos estudantes para representa-los, mas não honraram seu compromisso e simplesmente não foram nas reuniões onde poderiam ter discutido, em pé de igualdade com os docentes e técnicos-administrativos, questões como a deste concurso.

Ainda, requerem os radicais a alteração das regras para os concursos da UFRGS, mas a competência para alterar tais regras também não é da Direção ou de quaisquer dos órgãos colegiados da Faculdade de Direito. Compete apenas ao Conselho Universitário (CONSUN), órgão máximo de função normativa, deliberativa e de planejamento da Universidade, o papel de aprovar as normas de concurso público de provas e títulos para o provimento de cargo na carreira de Magistério Superior na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Disto, conclui-se que mesmo que a Direção da Faculdade de Direito quisesse atender as reivindicações dos militantes nada poderia ser feito, uma vez que as demandas apresentadas não fazem parte do escopo de funções deste órgão. Contudo, não podemos nos deixar levar pela ingenuidade de acreditar que “os pobres alunos estão fazendo protesto no lugar errado, pois desconhecem a burocracia da Universidade”, já que não é isto que está acontecendo. O fato é que a maioria dos invasores da Faculdade de Direito são militantes partidários profissionais, com anos de experiência, e têm como verdadeiro objetivo criar um factoide, um acontecimento de cunho político que cause comoção, para desgastar a imagem das instituições públicas e daqueles que não comungam de sua ideologia.

Por fim, reconhecemos que qualquer denúncia sobre fraude no serviço público é algo gravíssimo e deve ser apurada de forma séria e imparcial, garantindo aos acusados o contraditório e a ampla defesa, além disso, é importante frisar que os recursos administrativos interpostos contra o resultado do concurso público estão sendo apreciados pelo CEPE e todas as formalidades que a situação demanda estão sendo seguidas pela Universidade, logo cabe à Faculdade de Direito apenas cumprir as regras e decisões que forem emanadas pelo CEPE e suas Câmaras, não sendo sua atribuição a tomada de decisões sumárias, ainda mais em matérias que não são de sua competência.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Nota de Apoio do MEL à Aliança pela Liberdade (UnB)

O Movimento Estudantil Liberdade (MEL) foi fundado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no ano de 2006 e teve como princípio fundamental o Apartidarismo (clique aqui para mais detalhes) e, a partir desta visão, construiu-se a Carta de Princípios do MEL, balizadora das ações do grupo. Em nossa Carta de Princípios destacamos a importância da Pluralidade, entendida como o respeito às diferentes formas de pensamento, como o combate à intolerância e como a atuação democrática nas entidades estudantes. Também salientamos a importância da Transparência na entidades estudantis, que é fator fundamental para a representatividade destas. Nos focamos no Movimento Estudantil de Resultados, que é aquele que busca benefícios concretos aos estudantes. Destacamos que a busca da melhoria do ensino se dá através da busca pela Excelência Acadêmica e acreditamos no ensino voltado ao Empreendedorismo. Por fim, defendemos o Respeito à propriedade Privada, às Leis, à Ordem e a Democracia, bem como, defendemos o Estado Democrático de Direito e a Liberdade como valor universal e fundamental do Ser Humano.

Assim, o Movimento Estudantil Liberdade, de caráter apartidário, foi o precursor nas Universidades brasileiras da ideia de Movimento Estudantil com foco prioritário no Estudante. Dessa forma, no ano de nossa fundação, lançamos a chapa DCE Livre: O Estudante em 1º Lugar! cujo objetivo era libertar o Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, por isso o nome “DCE Livre”, dos grilhões partidários que faziam com que a entidade que deveria representar os estudantes da Universidade os deixasse de lado para atender demandas e bandeiras de partidos políticos.

Naquele ano de 2006, fomos derrotados nas eleições para o DCE da UFRGS, porém a semente plantada pelo MEL gerou frutos e vários grupos com a mesma ideologia do MEL, buscando representar os estudantes ao invés de representar os partidos políticos, surgiram pelo Brasil, como foi o caso do MEL-USP e da Reação, na Universidade de São Paulo, da Onda, na Universidade Federal de Minas Gerais, da UNIRIO-Livre, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, da Evolução, na Universidade Federal de Mato Grosso, da Liberdade UnB, na Universidade de Brasília, bem como, mais recentemente da MAE (Movimento Apartidário Estudantil) na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e da DCE de Verdade, na UFRGS, que com o apoio do MEL venceu as eleições para o DCE/UFRGS no ano passado.

Um dos grupos, com ideologia semelhante ao MEL, que surgiu depois de nós e foi exitoso, assumindo o comando do Diretório Central dos Estudantes de sua Universidade, foi a Aliança pela Liberdade que, com a chapa Liberdade UnB, venceu o pleito na Universidade de Brasília e transformou profundamente a vida de todos os estudantes implementando políticas, tais quais aquelas descritas pela Carta de Princípios do MEL, que visam o benefício concreto aos estudantes e não o benefício de partidos políticos e suas bandeiras. A Aliança pela Liberdade tem sido um exemplo no Movimento Estudantil brasileiro através de sua defesa sistemática da excelência acadêmica, do pluralismo, do empreendedorismo, da liberdade e da democracia.

A filosofia do MEL e as ações da Aliança pela Liberdade se encontram no momento em que vemos o Diretório Central dos Estudantes da UnB trabalhando por mais segurança para os estudantes, pela representação discente atuante, com participação ativa nos órgão colegiados, pela melhoria na assistência estudantil, pelo apoio ao empreendedorismo e à internacionalização universitária.

Por tudo isso, o Movimento Estudantil Liberdade declara seu apoio à Chapa 1 – Aliança pela Liberdade, que está novamente disputando as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília. Torcemos para o que o excelente trabalho que tem sido feito pela Aliança pela Liberdade continue e que a entidade máxima dos estudantes da UnB siga sendo um modelo de representatividade, pluralidade, transparência voltado para a busca por benefícios concretos para os estudantes.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Para sempre, Lacerda.


Há exatos 100 anos, no dia 30 de abril de 1914, nascia no Rio de Janeiro (registrado em Vassouras, no interior do estado) o jornalista, escritor e político Carlos Frederico Werneck de Lacerda, um dos principais personagens da história do Brasil, que morreu prematuramente, aos 63 anos, em 1977.

Seu nome foi uma homenagem da família comunista à Karl Marx (Carlos) e Friedrich Engels (Frederico), por mais surpreende que possa parecer, já que é o mais notório anticomunista do país. Ele também se opôs ao nacionalismo “desenvolvimentista” do getulismo, de inspiração fascista, que com o comunismo fazem as duas nefastas correntes de pensamento ideológicas majoritárias do Brasil até hoje, um país incapaz de conceber uma terceira via liberal-conservadora.

Carlos Lacerda surgiu no cenário político nacional em 1935, aos 21 anos, já um orador brilhante, carismático e arrebatador, no evento de lançamento da ANL (Aliança Nacional Libertadora), entidade ligada ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) e obediente aos ditames de Moscou via Comintern. Nesse dia, o estudante Carlos Lacerda foi escolhido para ler o manifesto e pedir que Luís Carlos Prestes, que estava na URSS, fosse aclamado como presidente de honra da ANL.

Seu rompimento com o movimento comunista viria em 1939, expurgado do partido por um texto escrito por ele sob encomenda tratando da “vitória” do getulismo sobre o comunismo. Ele trabalhava numa revista que publicou uma série de artigos comemorativos do primeiro aniversário do Estado Novo de 1937 por encomenda do DNP, depois batizado de DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), e a Lacerda foi pedido o texto sobre o comunismo. Obediente e precavido, consultou oficialmente o partido e, por tabela, Moscou, para saber se aceitava a tarefa e como deveria proceder. Foi orientado a escrever a matéria passando a idéia de que a Intentona Comunista foi algo isolado, de um punhado de doidos conspiradores, a maioria já cassados e presos, e sem qualquer articulação com o comunismo internacional. Cumpriu as ordens mas foi demonizado pelos comunistas brasileiros e chutado para fora do movimento, um choque do qual demorou anos para superar.

Nos anos 40 entra para a UDN. Em 1947 é eleito vereador e começa oficialmente a carreira como político. Lacerda se tornaria o maior opositor à volta de Getúlio Vargas ao cargo de presidente e começava o caminho que depois viria a associar seu nome ao “derrubador de presidentes”.

Sua oposição a Getúlio Vargas terminou, numa série estonteante de eventos em três semanas de agosto de 1954, com o suicídio do presidente, o que fez com que se refugiasse, ironicamente e por alguns dias, em Cuba – pouco antes de virar o zoológico dos irmãos Castro, claro. De volta ao Brasil, foi a principal pedra no sapato de Juscelino Kubitschek e o grande cabo eleitoral de Jânio Quadros em 1960. No final dos anos 60, ao se tornar amigo e correligionário de Juscelino na Frente Ampla, perguntou ao ex-presidente porque nunca permitiu que tivesse uma concessão de TV e JK respondeu: “se eu te desse um canal de TV você me derrubaria”.

Conspirou contra Jango, apoiou a revolução de 1964 e depois foi cassado por ela, quando era o político mais popular do Brasil e o mais provável vencedor numa eleição presidencial prometida por Castello Branco que nunca aconteceu, quando os militares deram o golpe dentro do golpe e se encastelaram no poder até 1985, manchando para sempre a imagem do regime que livrou o país do caos instaurado pelo errático, incompetente, inconsequente e radical governo de João Goulart.

Como governador da Guanabara (1960-1965), foi um revolucionário em métodos de gestão, no estabelecimento de metas e em resultados que transformaram para sempre a atual cidade do Rio de Janeiro. Difícil imaginar um administrador público republicano com uma história de tamanha competência, trabalho duro e um legado de realizações no Brasil como ele.

Quem é do Rio de Janeiro ou vive na cidade deveria agradecer todos os dias a quem fez a adutora do Rio Guandú, que acabou com o crônico problema de falta d’água da cidade, mas não só: o governo Lacerda está em quase todo lugar, como na criação do túnel Rebouças, no alargamento da praia de Copacabana e no plano diretor que idealizou a Linha Vernelha e a Linha Amarela, esta última merecidamente batizada com seu nome.

Além de todas essas facetas, era também um intelectual de primeiro time, tendo criado a Editora Nova Fronteira, uma das mais conhecidas do mercado editorial do país até hoje. É também tio-avô de Marcio Lacerda, atual prefeito de Belo Horizonte (antes que me perguntem, não estou nem aí para os boatos sobre seu bissexualismo, seu caso com a atriz Shirley MacLaine, irmã de Warren Beatty, entre outras fofocas de alcova).

Carlos Lacerda foi expulso pelos comunistas e cassado pelo militares, mas seu espírito incontrolável e sua oratória demolidora marcaram a política brasileira por décadas. Sua intolerância com a corrupção, com a mediocridade, sua recusa em negociar princípios por cálculos políticos e arranjos fisiológicos, sua coragem e seu carisma tornaram Carlos Lacerda uma das figuras mais hipnotizantes da história do Brasil.


* ALEXANDRE BORGES é Diretor do Instituto Liberal.
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