sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

TCU investiga convênios da UNE com o governo federal


MP aponta que recursos da União foram justificados com notas frias

DEMÉTRIO WEBER 
REGINA ALVAREZ

BRASÍLIA - Investigação do Ministério Público aponta indícios de irregularidades graves em convênios do governo federal com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) de São Paulo. Entre 2006 e 2010, essas entidades receberam cerca de R$ 12 milhões dos cofres públicos destinados à capacitação de estudantes e promoção de eventos culturais e esportivos. No caso da UNE, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Marinus Marsico identificou o uso de notas fiscais frias para comprovar gastos. E detectou que parte dos recursos liberados pelo governo federal foi usada na compra de bebidas alcoólicas e outras despesas sem vínculo aparente com o objeto conveniado.

Ao analisar as prestações de contas do convênio do Ministério da Cultura com a UNE para apoio ao projeto Atividades de Cultura e Arte da UNE, o procurador Marsico constatou gastos com a compra de cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, compra de búzios, velas, celular, freezer, ventilador e tanquinho, pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da sede da entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE. Além disso, encontrou diversas notas emitidas por bares em que há apenas a expressão “despesas” na descrição do gasto.

No fim de maio, o procurador formalizou representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que a Corte investigue o uso dos recursos federais repassados à UNE e à UMES, entre 2006 e 2010. O alvo da representação são 11 convênios, seis da UNE e cinco da UMES, celebrados com os seguintes ministérios: Cultura, Saúde, Esporte e Turismo. O valor total desses convênios é de R$ 8 milhões, destinados a projetos variados que vão desde a capacitação de estudantes de ensino médio até a realização de duas edições da Bienal de Artes, Ciência e Cultura da UNE. Marsico deu destaque a sete convênios — seis da UNE e um da UMES — no valor de R$ 6,5 milhões, que, segundo ele, concentram os “principais achados”.

Esporte demora a cobrar contas
As notas fiscais frias foram localizadas na prestação de contas que a UNE entregou ao Ministério da Saúde, referente ao convênio de número 623789, de R$ 2,8 milhões, encerrado em 2009. Esse convênio bancou a Caravana Estudantil da Saúde, em que universitários percorreram as 27 unidades da Federação para discutir saúde pública, com a oferta de testes rápidos de HIV e conscientização sobre a importância de doar sangue.

Marsico informa na representação que quatro notas da empresa WK Produções Cinematográficas Ltda. são “inidôneas”, com base em informações da Secretaria Municipal de Finanças de São Paulo, que não reconheceu a autenticidade dos documentos. Há suspeita de que outras oito notas emitidas por diferentes empresas também não sejam válidas, o que estaria sob apuração da secretaria municipal, de acordo com o procurador. Ele menciona ainda o caso de uma nota fiscal de R$ 91.500, da gráfica e editora Salum&Proença, de Jandira (SP), que teria sido cancelada pela empresa, embora os serviços constem na prestação de contas da UNE.

Outro indício de irregularidade apontado pelo procurador nesse mesmo convênio é a elevação dos gastos previstos com assessoria jurídica de R$ 20 mil para R$ 200 mil, sem justificativa nos autos. Marsico aponta ainda duplicidade de pagamentos, imprecisão do objeto do convênio e a transferência dos recursos da conta oficial para contas bancárias dos produtores da caravana.

Para Marsico, os dados sugerem “possíveis atentados aos princípios da moralidade, da legalidade, da legitimidade e da economicidade, além de evidenciarem possíveis danos ao Erário Público”, segundo destacou na representação ao TCU.

— É lamentável, especialmente pela história de lutas dessas entidades. Elas teriam que ser as primeiras a dar o exemplo à sociedade de zelo no uso do dinheiro público — afirmou o procurador.

Ele chama a atenção para a demora do Ministério do Esporte em cobrar a prestação de contas da UNE no convênio de número 702422, de 2008, no valor de R$ 250 mil. A pasta comandada pelo PCdoB, mesmo partido que controla a UNE, fomentou a “implantação de atividades esportivas e debates” na 6ª Bienal de Artes, Ciência e Cultura. “Quase dois anos após o fim do prazo para a prestação de contas, os documentos ainda não haviam sido encaminhados”, observou Marsico na representação ao TCU, registrando que, “somente após receber o ofício enviado pelo MP/TCU, o órgão (Ministério do Esporte) notificou a UNE sobre a omissão”.

— Há erro dos dois lados. De quem recebeu os recursos e dos órgãos que liberaram. Se não fosse eu requerer, em alguns casos não haveria sequer a prestação de contas — disse o procurador do MP.

No caso dos convênios com a UMES, o procurador destacou o que trata do auxílio ao Projeto Cine Clube UMES da Saúde, concluído em março de 2010, no valor de R$ 234, 8 mil. De acordo com Marciso, as quantias previstas no plano de trabalho eram as mesmas posteriormente contratadas. “Como era possível saber o valor exato das propostas vencedoras nas licitações?”, questionou. Ele observou também a falta da relação de escolas beneficiadas e de cópias dos processos licitatórios ou justificativas para a dispensa de licitação.

“Algumas das impropriedades apuradas, como a utilização de recursos públicos para a compra de bebidas alcoólicas, são de extrema gravidade e parecem-nos capazes de justificar a atuação dessa Corte de Contas”, disse Marsico na representação.

Entidade reafirma zelo com recursos
Procurada pelo GLOBO para se manifestar sobre as irregularidades, a UNE respondeu, em nota da assessoria de imprensa, que “reafirma seu compromisso de zelo com os recursos públicos e, se comprovado qualquer tipo de irregularidade, compromete-se a saná-las de acordo com o que a lei determina, inclusive, se for o caso, com a devolução de recursos”.

A entidade disse na nota que participa das políticas de financiamento público a atividades culturais, esportivas e educacionais desde 1999, sempre cumprindo todas as exigências técnicas de seus convênios. “Parte das nossas prestações de contas já está aprovada, sendo que algumas se encontram ainda em análise pelos órgãos responsáveis”, informa. E reafirma o seu compromisso com o Erário, “honrando seus 75 anos de vida”.

O GLOBO também procurou a direção da UMES na tarde de quarta-feira com o mesmo objetivo, mas a entidade não se manifestou.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/tcu-investiga-convenios-da-une-com-governo-federal-5147139#ixzz2Fj1BQoXQ 

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Chapa do PT-PCdoB disputa sozinha eleições para o CAEA e perde

O grupo foi inspirado pela corrente liderada por José Dirceu

O maior fiasco eleitoral dos últimos anos do movimento estudantil da UFRGS foi a chapa “CAEA Para Todos”, que concorreu sozinha na eleição do Centro Acadêmico da Escola de Administração, mas não conseguiu fazer se quer o quórum mínimo de 10% dos votos.

A Chapa foi organizada por Ana Lucia Velho, presidente estadual da Juventude do PCdoB (UJS) e vice-presidente da UNE, eleita com apoio chefe do mensalão, o corrupto José Dirceu, e por Raphael Homem, militante do movimento petista "Levante da Juventude", que presidiu a chapa.

Ana Lúcia Velho, Presidente da Juventude
do Partido Comunista do Brasil
O nome da chapa “CAEA Para Todos” faz alusão a sigla do PT. Ainda, destacamos que o nome “Para Todos” também é tradicionalmente usado pelas Chapas organizadas pela CNB (Construindo um Novo Brasil), corrente interna do PT liderada por José Dirceu.

A Chapa fez propostas típicas da esquerda, como a instauração do Assembleísmo e a mudança no estatuto para que o CAEA não tenha mais um Presidente responsável e sim um regime de coordenadoria onde em teoria todos seriam responsáveis, mas na pratica, como acontece em outros Diretórios Acadêmicos da UFRGS, ninguém se responsabilizaria por nada.

As eleições ocorreram nos dias 10, 11 e 12 de dezembro pelo Portal do Aluno e o resultado foi um vexame. Os estudantes da Administração não se sentiram representados e não votaram, por isso a eleição não atingiu o quórum mínimo de 10% dos estudantes, conforme estipulado pelo Regimento Eleitoral. Assim, o CAEA terá que realizar uma nova eleição.

Vale lembrar que Ana Lucia Velho, através de influência junto ao Vice-Reitor da UFRGS, que também do PCdoB, foi uma das pessoas responsáveis por impedir que as eleições para o DCE da UFRGS fossem realizadas pelo Portal do Aluno.

Agora, parece que ela novamente quer dar um golpe na democracia e está pressionando para que as eleições para o CAEA sejam validadas sobre a argumentação de que “faltou pouca coisa”... que não é tão pouca coisa assim, porque faltaram pelo menos mais 52 votos ou mais 49% dos votos feitos pela chapa do PT-PCdoB.

Resultado das Eleições:
Chapa 1 - CAEA Para Todos - 94 Votos
Votos em Branco: 3
Votos Nulos: 6
Total de Votantes Efetivos: 103
Total de Eleitores: 1575

sábado, 8 de dezembro de 2012

Análise das Eleições de 2012 para o DCE da UFRGS


Pelo segundo ano consecutivo, o Movimento Estudantil Liberdade foi o fator decisivo das eleições para o Diretório Central dos Estudantes da UFRGS e, novamente (clique aqui para ver a análise de 2011), por um erro estratégico do segundo colocado que, ao invés de optar pelo diálogo, preferiu manter uma postura arrogante, o que lhe acarretou a derrota. No caso, a chapa vencedora fez 1651 votos, enquanto que a segunda colocada ficou com 1533 votos, uma diferença de 118 votos, ou seja, considerando que o MEL fez 119 votos, a união entre os grupos acarretaria a vitória da chapa de oposição por 1 voto em relação à chapa de situação, mas a principal questão que se levanta é: Quem são os eleitores do MEL?

(clique na imagem para ampliar)
O MEL fez votos em 17 urnas, nos quatro diferentes campi da UFRGS. Esses votos vieram principalmente do Campus Centro, que representou 63,03% dos votos totais, seguido pelo Campus do Vale (23,01%), Campus Saúde (13,45%) e ESEF (2,52%). Em média, tivemos 29,75 votos por campus.

(clique na imagem para ampliar)
Em relação às urnas, o principal grupo de votantes foram aqueles que votaram na Escola de Engenharia, que representaram 19,33% dos votos totais do MEL, seguidos pelos estudantes que votaram na urna da Faculdade de Direito (11,76%). O perfil de votantes foi bastante diversificado, em média, os desvios relativamente à média atingiram 83,30% do valor desta, representando um perfil de votantes bem mais diversificado que aquele das demais chapas, cujos votos são muito concentrados em poucos cursos. À exemplo, podemos citar a chapa 3, que teve 40,44% dos votos em uma única urna (Engenharia) e quase 60% dos votos concentrados em apenas 4 das 25 urnas (Engenharia, IFCH, Odontologia e FABICO).

(clique na imagem para ampliar)
Quanto às áreas de concentração, podemos dividir os votantes em cinco grupos. O primeiro constituído pela Escola de Engenharia, onde fizemos 23 votos, em seguida temos o grupo composto pelos votantes das Faculdades de Direito e Educação, onde tivemos uma média de 13,5 votos, depois Economia, Administração, IFCH e Psicologia, com média de 9,25 votos; Matemática, Letras, FABICO e Informática, com média de 5,25 votos e, finalmente, um grupo composto por ESEF, Arquitetura, ICBS, Odontologia, Artes e Medicina com média de 1,83 votos por urna.

(clique na imagem para ampliar)
Por fim, na análise do desempenho global, essas eleições foram marcadas pela drástica redução no número de votantes, que foi 24,48% inferior em relação ao ano anterior, o que, em termos absolutos, representou a diminuição de 1261 votantes no pleito. A chapa 1 teve redução de 5,39% no total de eleitores, seguida pela chapa 3, com redução de 10,30%, Chapa 2 com 56,09% e pela Chapa 5 que perdeu 66,79% de seus eleitores. Contrastando com as demais chapas, o MEL teve um crescimento de 16,67% no número de votantes. Ainda, passamos de uma participação de 1,98% nas eleições de 2011 para um participação de 3,06% do resultado final em 2012.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O dia em que 10 pessoas decidiram uma eleição


Sim, 10 pessoas obstinadas que, com míseros 50 reais, decidiram quem iria presidir o DCE da UFRGS. Muitos não viram e nem querem ver sua força política, mas ela existe e está em constante crescimento. Uma força que vai além do partidarismo, que vai além dos conchavos políticos. Uma força que não quer o poder pelo poder. Quer sim mudar a realidade para as gerações vindouras. Uma força que quer a honestidade e a transparência acima de tudo no movimento estudantil gaúcho. Esse é o MEL - Movimento Estudantil Liberdade. Continuaremos a pensar um movimento estudantil mais justo e apartidário. Continuaremos nossa caminhada. Continuaremos a acreditar que dinheiro e poder não devem ser o objetivo dos movimentos estudantis. o objetivo tem que ser (e será) o bem estar, a segurança e a constante busca do conhecimento pelos discentes da UFRGS.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Sobre Falsos Heróis - José Fighera Salgado



Sobre Falsos Heróis

Que heróis são esses que ergueram massas
Pregando o fim de alheias propriedades
Tramando golpes com base em mentiras
E ideologias de falsa igualdade
Que heróis fajutos que com mil falácias
Organizaram hordas de iludidos
Disseminando ódio entre as classes
Com seus conceitos falsos e falidos

Que heróis de araque que até hoje guiam
Servos que travam inúteis contendas
E assim militam por ruas e becos
E cortam cercas para invadir fazendas
Que heróis bandidos que pregaram roubo
E caridade com dinheiro alheio
Mas cujos bolsos de seus seguidores
Não se abstêm de se manterem cheios

Legado tosco o destes heróis
Que greves tolas vão influenciando
Pelas escolas, poluindo livros
Nas faculdades, mitos se tornando
E os seguidores dos heróis de barro
Que alcançando o pleno poder
Confiscam armas do povo que assim
Nem mais a vida pode defender

Sagas macabras as destes heróis
Cujos ideais pátrias degeneram
Destroem jovens corrompendo mentes
Com utopias que nunca prosperam
São cultuados em todas as partes
Cidades, campos e universidades
E assim, aos poucos, seus servis soldados
Calam as vozes que falam verdades

Triste destino o dos que lutaram
Nas intentonas dos heróis falsários
Fortalecendo o perigo vermelho
Feito de ódio e rancor proletário
Pobre cabeça a que acata as idéias
De um falso herói mal-intencionado
Pobre do homem que iludido entrega
Sua devoção aos heróis errados

Chapa 4 responde: Sociedade, Gestão e Movimento Estudantil

Resposta da Chapa 4 - DCE Livre - Movimento Estudantil Liberdade à entrevista sobre Sociedade, Gestão e Movimento Estudantil.

Boa tarde. Sou estudante de arquitetura e facilitador no grupo ZINE da arquitetura. Esse grupo nasceu há pouco tempo em nosso curso com a proposição de oferecer aos alunos (sobretudo da arquitetura) informação jornalística de conhecimento sociológico, ambiental, cultural e político. Muitos colegas, mesmo com interesses na construção de uma sociedade mais igualitária e sustentável, passam os dias sem contato com a política global (pois devem lidar com as muitas atividades acadêmicas). Da mesma forma, enxergar a ponte entre a macro-política e o dia-a-dia (PNE/ Reuni e nossas salas de aula, por exemplo), também é algo complicado. Estamos iniciando nosso grupo com reportagens. Pensando nisso tudo, preparamos dez perguntas que pretendem resumir a cara das chapas que estão concorrendo à gestão 2012/2013 do DCE UFRGS. O processo de eleição passou voando, pois já estamos entrando na fase de votações, na semana que vem. Espero que possam contribuir para ampliação da participação consciente dos estudantes.

SOCIEDADE

1. Na infra-estrutura, qual visão da chapa sobre o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – Reuni?

Entendemos que a expansão da Universidade, a partir da criação de cursos, bem como, da criação de mais vagas nos cursos já existentes, é algo muito importante no momento em que busca-se a qualificação dos brasileiros, todavia, isto deve ser feito com muito cuidado e atenção, pois somente nos interessa a expansão se esta se der com qualidade. Não adianta expandir por expandir, sem planejamento prévio e sem que se atenda as condições mínimas para o bom aproveitamento das graduações.

2. Na segurança, quais as propostas de ação da chapa frente ao fechamento e isolamento dos campi? E com relação à insegurança no Vale?

Não existe nenhuma proposta de fechamento e isolamento dos Campi, quem afirma isso é desonesto e mal-intencionado. Há sim uma proposta de que se coloque catracas nas entradas dos Campi, onde aqueles que adentrem os mesmos tenham que se identificar, como ocorre na imensa maioria dos órgãos públicos, inclusive faz muitos anos que esse sistema é aplicado em alguns prédios da UFRGS, como a Reitoria e as Faculdades de Medicina e Administração.

Em relação à insegurança na UFRGS, entendemos que a segurança é uma questão fundamental para os estudantes de nossa Universidade, assim, buscaremos a implementação de ações que garantam a segurança pessoal e patrimonial nos Campi.
Para isto propomos a realização de um convênio entre a UFRGS e a Secretaria Estadual de Segurança, para que a Brigada Militar possa realizar policiamento ostensivo no interior dos campi, com especial atenção para o campus do Vale e para o campus da Saúde. Também propomos que seja feita uma parceria com a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, para que a Guarda Municipal possa fazer a segurança dos estudantes nos horários de entrada e saída, através do Programa Vizinhança Segura, nas entradas da UFRGS próximas ao Parque da Redenção (Campus Central) e buscaremos que a reitoria solucione o problema da falta de iluminação, principalmente no Campus do Vale.

3. No campo da diversidade, tivemos no último ano a reavaliação das Cotas no Vestibular. Qual a análise da chapa com relação ao processo, ocorrido em nível de CONSUN?

Nós fomos o único grupo a apresentar um amplo projeto discutindo seriamente a proposta das Cotas no Vestibular, protocolado sob o número 23078.014712/07-11.

Tal projeto foi base para a rediscussão do Programa de Ações Afirmativas da Universidade e o que garantiu a manutenção das cotas no patamar de 30% e a não desvinculação das cotas sociais e raciais, sendo inclusive citado no Relatório Final da Comissão de Avaliação da Política de Ações Afirmativa.

De fato, o DCE Livre sempre esteve na vanguarda da discussão sobre a Política de Ações Afirmativas na Universidade, que temos discutido desde 2007. Este ano, em especial, o Vice-Presidente do DCE Livre e Tesoureiro da Chapa 4 Régis Antônio Coimbra, autor do projeto apresentado ao Conselho Universitário (CONSUN), deu entrevistas sobre o tema para o Correio do Povo e para a Revista Adverso, publicação da ADUFRGS-Sindical.

Entendemos que é urgente a implantação de ações afirmativas pela sociedade brasileira e gaúcha, tendo nisso a UFRGS responsabilidade peculiar, porém fazendo as devidas críticas ao modelo atualmente adotado, no sentido de que o atual modelo é:

1 - ineficiente para pobres, pelo caráter paliativo, e com foco primário no ingresso artificial e apenas secundário na permanência (até a conclusão);

2 - contraproducente para negros, por introduzir ou exacerbar uma percepção de rivalidade racial;

3 - quantitativamente pouco expressivo se aplicado à UFRGS ou às instituições estatais de ensino superior em geral, conquanto estas representam uma pequena fração das vagas do ensino superior como um todo

4 - qualitativamente temerário se aplicado à UFRGS ou às instituições estatais de ensino superior em geral, conquanto estas não primam tanto pela excelência do ensino e sim do aprendizado, tendo sua notória excelência calcada na seleção – por sua vez operada pelo atrativo da gratuidade e da reputação de excelência das mesmas combinado com a acirrada competição pelas vagas nos concursos vestibulares – dos alunos com melhores aptidões ou mais favoráveis condições materiais e culturais familiares para a dedicação aos estudos – de tal modo que uma mudança radical (envolvendo 40% do total dos alunos em cada curso) tende a alterar significativamente o perfil dos alunos e dos cursos destas universidades.

Nossa principal crítica reside no modo como o sistema está sendo inserido nas universidades, que acaba sendo mais corporativista que propriamente social, visto que considera apenas o fato do indivíduo ter estudado ou não em escola pública e não leva em consideração a questão mais importante que é a renda.

Ainda, no ponto específico das cotas raciais, a desvinculação do caráter social, como propunha a atual gestão do DCE da UFRGS “É Primavera” acarreta na situação onde, visto a desnecessidade de se ter cursado o ensino público estatal, negros oriundos das classes média e alta, que tiveram o ensino em boas instituições privadas, teriam mais chances de entrar na Universidade que aqueles das camadas pobres da população e que mais precisariam do benefício.

Assim, não havendo revisão do sistema, ao menos se garantiu que o percentual de vagas reservado às ações afirmativas se mantivesse nos atuais 30% e, além disso, garantiu-se também a não desvinculação das cotas raciais e sociais, haja vista que tal desvinculação apenas prejudicaria os negros das classes sociais mais baixas, beneficiando indivíduos com maior poder aquisitivo.

4. Qual o significado do termo “meio ambiente” para gestão proposta? Existe aplicação desse significado em termos práticos nas propostas da chapa?

Meio ambiente é o espaço em que vivemos, ou seja, não é restrito à visão estereotipada de árvores, lagos e passarinhos cantando. É a sala de aula, o RU, os estacionamentos, etc... Essa interpretação tem muito relacionamento prático com nossas propostas, pois é lá que está o foco da chapa, ou seja, na melhoria das condições do meio ambiente para os estudantes. Não propomos devaneios, nossas propostas são bem simples e muito concretas, propomos mais segurança, propomos papel higiênico e sabonete nos banheiros, diminuição na fila dos RU através da compra de créditos antecipados para o Cartão da UFRGS, parceria com empresas para a compra dos exemplares mais usados nas bibliotecas, armários para os alunos nos campi, cartão TRI gratuito  enfim, propomos uma melhoria em termos práticos no meio ambiente de todos os estudantes.

GESTÃO E MOVIMENTO ESTUDANTIL

5. Como seria a visão de sociedade ideal e saudável do grupo que compõe a chapa?

O futuro de um país depende da liberdade que é dada aos seus indivíduos. Assim, entendemos que uma sociedade ideal e saudável é aquela onde existe plena liberdade econômica, ou seja, onde não haja obstáculos ao empreendedorismo e as pessoas possam ganhar mais dinheiro, de forma que haja mais postos de trabalho e, consequentemente, mais bens e serviços à disposição da população, acarretando uma majoração da qualidade de vida de todas as pessoas.

6. Qual a missão do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS?

Nós entendemos que a missão do DCE é representar os estudantes através da defesa da excelência acadêmica e da eficiência em projetos que tenham como foco prioritário a própria comunidade universitária.

7. Como a chapa pretende se comunicar com os aprox. 40 mil estudantes que serão representados pela gestão?

A principal função do DCE é influenciar nos rumos da Universidade. Portanto, é dever de qualquer gestão representar os interesses dos estudantes nos colegiados dos cursos e nos conselhos superiores. Além disso, é preciso que se tenha diálogo com os professores e técnicos que também participam das decisões da Universidade.

Assim, iremos informar os estudantes, por meio do site e do jornal do DCE, dos principais assuntos discutidos nestes órgãos e consulta-los, através do Portal do Aluno, quando itens mais polêmicos estiverem em pauta nos Conselhos.

Pretendemos manter um relacionamento mais direto com os estudantes, pois sabemos que muitos diretórios e centros acadêmicos são controlados por militantes partidários que em nada representam as opiniões dos estudantes de seus cursos, logo, para saber o que o estudante quer e precisa, nada melhor que consulta-lo diretamente, sem intermediadores.

8. Esse ano parece não haver ponto de polarização política nas propostas, acarretando um clima de esvaziamento político na disputa. Qual a análise da chapa sobre essa afirmação.

Existe uma polarização bem grande entre as demais chapas e a chapa 4, visto que as outras são controladas por partidos políticos de esquerda, quem estão mais preocupados em ter um palanque eleitoral do que em representar seriamente os estudantes da UFRGS, todavia, como nós não temos ligações partidárias, temos pouca divulgação e pouquíssimos materiais, logo, não temos muito destaque nessas eleições, enquanto que as outras chapas, por serem iguais e terem vultuosos financiamentos, passam o clima errôneo de que não existe polarização e todas as propostas são iguais.

9. A maioria dos estudantes da arquitetura, quando questionados, afirma se afastarem das questões de DCE por conta das questões partidárias. Qual a vantagens e desvantagens na presença de estudantes partidários no DCE?

Vantagem não há. Os militantes partidários, geralmente vagabundos que ficam anos na faculdade rodando sempre nas mesmas cadeiras até serem jubilados, são um problema no movimento estudantil. Para eles não interessa o que os estudantes querem, mas apenas o que os partidos mandam. Isso tem que acabar.

A desvantagem é o desgaste que isso causa ao movimento estudantil a partir do afastamento dos estudantes que, com razão, vêem o DCE como um grupo de palhaços que só sabem obedecer ordens de uma dada vereadora e não estão nem aí para os reais problemas dos estudantes, como a falta de iluminação nos campi, a falta de papel higiênico e sabonete nos banheiros, a insegurança, os ambulatórios sem pessoal capacitado e sempre fechados, a fila dos RU que a cada ano está maior, etc...

10. Qual seria uma das principais metas da gestão?

Nossa principal meta é cumprir com seriedade e competência tudo aquilo que propomos fazer, para que nos fim de nossa gestão possamos olhar para tudo que, com muito esforço, construímos e dizer “E não é que valeu a pena, por isso, faríamos tudo de novo!”

sábado, 1 de dezembro de 2012

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