domingo, 2 de dezembro de 2012

Chapa 4 responde: Sociedade, Gestão e Movimento Estudantil

Resposta da Chapa 4 - DCE Livre - Movimento Estudantil Liberdade à entrevista sobre Sociedade, Gestão e Movimento Estudantil.

Boa tarde. Sou estudante de arquitetura e facilitador no grupo ZINE da arquitetura. Esse grupo nasceu há pouco tempo em nosso curso com a proposição de oferecer aos alunos (sobretudo da arquitetura) informação jornalística de conhecimento sociológico, ambiental, cultural e político. Muitos colegas, mesmo com interesses na construção de uma sociedade mais igualitária e sustentável, passam os dias sem contato com a política global (pois devem lidar com as muitas atividades acadêmicas). Da mesma forma, enxergar a ponte entre a macro-política e o dia-a-dia (PNE/ Reuni e nossas salas de aula, por exemplo), também é algo complicado. Estamos iniciando nosso grupo com reportagens. Pensando nisso tudo, preparamos dez perguntas que pretendem resumir a cara das chapas que estão concorrendo à gestão 2012/2013 do DCE UFRGS. O processo de eleição passou voando, pois já estamos entrando na fase de votações, na semana que vem. Espero que possam contribuir para ampliação da participação consciente dos estudantes.

SOCIEDADE

1. Na infra-estrutura, qual visão da chapa sobre o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – Reuni?

Entendemos que a expansão da Universidade, a partir da criação de cursos, bem como, da criação de mais vagas nos cursos já existentes, é algo muito importante no momento em que busca-se a qualificação dos brasileiros, todavia, isto deve ser feito com muito cuidado e atenção, pois somente nos interessa a expansão se esta se der com qualidade. Não adianta expandir por expandir, sem planejamento prévio e sem que se atenda as condições mínimas para o bom aproveitamento das graduações.

2. Na segurança, quais as propostas de ação da chapa frente ao fechamento e isolamento dos campi? E com relação à insegurança no Vale?

Não existe nenhuma proposta de fechamento e isolamento dos Campi, quem afirma isso é desonesto e mal-intencionado. Há sim uma proposta de que se coloque catracas nas entradas dos Campi, onde aqueles que adentrem os mesmos tenham que se identificar, como ocorre na imensa maioria dos órgãos públicos, inclusive faz muitos anos que esse sistema é aplicado em alguns prédios da UFRGS, como a Reitoria e as Faculdades de Medicina e Administração.

Em relação à insegurança na UFRGS, entendemos que a segurança é uma questão fundamental para os estudantes de nossa Universidade, assim, buscaremos a implementação de ações que garantam a segurança pessoal e patrimonial nos Campi.
Para isto propomos a realização de um convênio entre a UFRGS e a Secretaria Estadual de Segurança, para que a Brigada Militar possa realizar policiamento ostensivo no interior dos campi, com especial atenção para o campus do Vale e para o campus da Saúde. Também propomos que seja feita uma parceria com a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, para que a Guarda Municipal possa fazer a segurança dos estudantes nos horários de entrada e saída, através do Programa Vizinhança Segura, nas entradas da UFRGS próximas ao Parque da Redenção (Campus Central) e buscaremos que a reitoria solucione o problema da falta de iluminação, principalmente no Campus do Vale.

3. No campo da diversidade, tivemos no último ano a reavaliação das Cotas no Vestibular. Qual a análise da chapa com relação ao processo, ocorrido em nível de CONSUN?

Nós fomos o único grupo a apresentar um amplo projeto discutindo seriamente a proposta das Cotas no Vestibular, protocolado sob o número 23078.014712/07-11.

Tal projeto foi base para a rediscussão do Programa de Ações Afirmativas da Universidade e o que garantiu a manutenção das cotas no patamar de 30% e a não desvinculação das cotas sociais e raciais, sendo inclusive citado no Relatório Final da Comissão de Avaliação da Política de Ações Afirmativa.

De fato, o DCE Livre sempre esteve na vanguarda da discussão sobre a Política de Ações Afirmativas na Universidade, que temos discutido desde 2007. Este ano, em especial, o Vice-Presidente do DCE Livre e Tesoureiro da Chapa 4 Régis Antônio Coimbra, autor do projeto apresentado ao Conselho Universitário (CONSUN), deu entrevistas sobre o tema para o Correio do Povo e para a Revista Adverso, publicação da ADUFRGS-Sindical.

Entendemos que é urgente a implantação de ações afirmativas pela sociedade brasileira e gaúcha, tendo nisso a UFRGS responsabilidade peculiar, porém fazendo as devidas críticas ao modelo atualmente adotado, no sentido de que o atual modelo é:

1 - ineficiente para pobres, pelo caráter paliativo, e com foco primário no ingresso artificial e apenas secundário na permanência (até a conclusão);

2 - contraproducente para negros, por introduzir ou exacerbar uma percepção de rivalidade racial;

3 - quantitativamente pouco expressivo se aplicado à UFRGS ou às instituições estatais de ensino superior em geral, conquanto estas representam uma pequena fração das vagas do ensino superior como um todo

4 - qualitativamente temerário se aplicado à UFRGS ou às instituições estatais de ensino superior em geral, conquanto estas não primam tanto pela excelência do ensino e sim do aprendizado, tendo sua notória excelência calcada na seleção – por sua vez operada pelo atrativo da gratuidade e da reputação de excelência das mesmas combinado com a acirrada competição pelas vagas nos concursos vestibulares – dos alunos com melhores aptidões ou mais favoráveis condições materiais e culturais familiares para a dedicação aos estudos – de tal modo que uma mudança radical (envolvendo 40% do total dos alunos em cada curso) tende a alterar significativamente o perfil dos alunos e dos cursos destas universidades.

Nossa principal crítica reside no modo como o sistema está sendo inserido nas universidades, que acaba sendo mais corporativista que propriamente social, visto que considera apenas o fato do indivíduo ter estudado ou não em escola pública e não leva em consideração a questão mais importante que é a renda.

Ainda, no ponto específico das cotas raciais, a desvinculação do caráter social, como propunha a atual gestão do DCE da UFRGS “É Primavera” acarreta na situação onde, visto a desnecessidade de se ter cursado o ensino público estatal, negros oriundos das classes média e alta, que tiveram o ensino em boas instituições privadas, teriam mais chances de entrar na Universidade que aqueles das camadas pobres da população e que mais precisariam do benefício.

Assim, não havendo revisão do sistema, ao menos se garantiu que o percentual de vagas reservado às ações afirmativas se mantivesse nos atuais 30% e, além disso, garantiu-se também a não desvinculação das cotas raciais e sociais, haja vista que tal desvinculação apenas prejudicaria os negros das classes sociais mais baixas, beneficiando indivíduos com maior poder aquisitivo.

4. Qual o significado do termo “meio ambiente” para gestão proposta? Existe aplicação desse significado em termos práticos nas propostas da chapa?

Meio ambiente é o espaço em que vivemos, ou seja, não é restrito à visão estereotipada de árvores, lagos e passarinhos cantando. É a sala de aula, o RU, os estacionamentos, etc... Essa interpretação tem muito relacionamento prático com nossas propostas, pois é lá que está o foco da chapa, ou seja, na melhoria das condições do meio ambiente para os estudantes. Não propomos devaneios, nossas propostas são bem simples e muito concretas, propomos mais segurança, propomos papel higiênico e sabonete nos banheiros, diminuição na fila dos RU através da compra de créditos antecipados para o Cartão da UFRGS, parceria com empresas para a compra dos exemplares mais usados nas bibliotecas, armários para os alunos nos campi, cartão TRI gratuito  enfim, propomos uma melhoria em termos práticos no meio ambiente de todos os estudantes.

GESTÃO E MOVIMENTO ESTUDANTIL

5. Como seria a visão de sociedade ideal e saudável do grupo que compõe a chapa?

O futuro de um país depende da liberdade que é dada aos seus indivíduos. Assim, entendemos que uma sociedade ideal e saudável é aquela onde existe plena liberdade econômica, ou seja, onde não haja obstáculos ao empreendedorismo e as pessoas possam ganhar mais dinheiro, de forma que haja mais postos de trabalho e, consequentemente, mais bens e serviços à disposição da população, acarretando uma majoração da qualidade de vida de todas as pessoas.

6. Qual a missão do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS?

Nós entendemos que a missão do DCE é representar os estudantes através da defesa da excelência acadêmica e da eficiência em projetos que tenham como foco prioritário a própria comunidade universitária.

7. Como a chapa pretende se comunicar com os aprox. 40 mil estudantes que serão representados pela gestão?

A principal função do DCE é influenciar nos rumos da Universidade. Portanto, é dever de qualquer gestão representar os interesses dos estudantes nos colegiados dos cursos e nos conselhos superiores. Além disso, é preciso que se tenha diálogo com os professores e técnicos que também participam das decisões da Universidade.

Assim, iremos informar os estudantes, por meio do site e do jornal do DCE, dos principais assuntos discutidos nestes órgãos e consulta-los, através do Portal do Aluno, quando itens mais polêmicos estiverem em pauta nos Conselhos.

Pretendemos manter um relacionamento mais direto com os estudantes, pois sabemos que muitos diretórios e centros acadêmicos são controlados por militantes partidários que em nada representam as opiniões dos estudantes de seus cursos, logo, para saber o que o estudante quer e precisa, nada melhor que consulta-lo diretamente, sem intermediadores.

8. Esse ano parece não haver ponto de polarização política nas propostas, acarretando um clima de esvaziamento político na disputa. Qual a análise da chapa sobre essa afirmação.

Existe uma polarização bem grande entre as demais chapas e a chapa 4, visto que as outras são controladas por partidos políticos de esquerda, quem estão mais preocupados em ter um palanque eleitoral do que em representar seriamente os estudantes da UFRGS, todavia, como nós não temos ligações partidárias, temos pouca divulgação e pouquíssimos materiais, logo, não temos muito destaque nessas eleições, enquanto que as outras chapas, por serem iguais e terem vultuosos financiamentos, passam o clima errôneo de que não existe polarização e todas as propostas são iguais.

9. A maioria dos estudantes da arquitetura, quando questionados, afirma se afastarem das questões de DCE por conta das questões partidárias. Qual a vantagens e desvantagens na presença de estudantes partidários no DCE?

Vantagem não há. Os militantes partidários, geralmente vagabundos que ficam anos na faculdade rodando sempre nas mesmas cadeiras até serem jubilados, são um problema no movimento estudantil. Para eles não interessa o que os estudantes querem, mas apenas o que os partidos mandam. Isso tem que acabar.

A desvantagem é o desgaste que isso causa ao movimento estudantil a partir do afastamento dos estudantes que, com razão, vêem o DCE como um grupo de palhaços que só sabem obedecer ordens de uma dada vereadora e não estão nem aí para os reais problemas dos estudantes, como a falta de iluminação nos campi, a falta de papel higiênico e sabonete nos banheiros, a insegurança, os ambulatórios sem pessoal capacitado e sempre fechados, a fila dos RU que a cada ano está maior, etc...

10. Qual seria uma das principais metas da gestão?

Nossa principal meta é cumprir com seriedade e competência tudo aquilo que propomos fazer, para que nos fim de nossa gestão possamos olhar para tudo que, com muito esforço, construímos e dizer “E não é que valeu a pena, por isso, faríamos tudo de novo!”

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