Boa tarde. Sou estudante de arquitetura e facilitador no grupo ZINE da arquitetura. Esse grupo nasceu há pouco tempo em nosso curso com a proposição de oferecer aos alunos (sobretudo da arquitetura) informação jornalística de conhecimento sociológico, ambiental, cultural e político. Muitos colegas, mesmo com interesses na construção de uma sociedade mais igualitária e sustentável, passam os dias sem contato com a política global (pois devem lidar com as muitas atividades acadêmicas). Da mesma forma, enxergar a ponte entre a macro-política e o dia-a-dia (PNE/ Reuni e nossas salas de aula, por exemplo), também é algo complicado. Estamos iniciando nosso grupo com reportagens. Pensando nisso tudo, preparamos dez perguntas que pretendem resumir a cara das chapas que estão concorrendo à gestão 2012/2013 do DCE UFRGS. O processo de eleição passou voando, pois já estamos entrando na fase de votações, na semana que vem. Espero que possam contribuir para ampliação da participação consciente dos estudantes.
SOCIEDADE
1. Na infra-estrutura, qual visão da chapa sobre o Programa de Apoio a
Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – Reuni?
Entendemos que a expansão da
Universidade, a partir da criação de cursos, bem como, da criação de mais vagas
nos cursos já existentes, é algo muito importante no momento em que busca-se a
qualificação dos brasileiros, todavia, isto deve ser feito com muito cuidado e
atenção, pois somente nos interessa a expansão se esta se der com qualidade.
Não adianta expandir por expandir, sem planejamento prévio e sem que se atenda
as condições mínimas para o bom aproveitamento das graduações.
2. Na segurança, quais as propostas de ação da chapa frente ao
fechamento e isolamento dos campi? E com relação à insegurança no Vale?
Não existe nenhuma proposta de
fechamento e isolamento dos Campi, quem afirma isso é desonesto e
mal-intencionado. Há sim uma proposta de que se coloque catracas nas entradas
dos Campi, onde aqueles que adentrem os mesmos tenham que se identificar, como
ocorre na imensa maioria dos órgãos públicos, inclusive faz muitos anos que
esse sistema é aplicado em alguns prédios da UFRGS, como a Reitoria e as
Faculdades de Medicina e Administração.
Em relação à insegurança na UFRGS,
entendemos que a segurança é uma questão fundamental para os estudantes de
nossa Universidade, assim, buscaremos a implementação de ações que garantam a
segurança pessoal e patrimonial nos Campi.
Para isto propomos a realização
de um convênio entre a UFRGS e a Secretaria Estadual de Segurança, para que a
Brigada Militar possa realizar policiamento ostensivo no interior dos campi,
com especial atenção para o campus do Vale e para o campus da Saúde. Também
propomos que seja feita uma parceria com a Secretaria Municipal de Segurança
Urbana, para que a Guarda Municipal possa fazer a segurança dos estudantes nos
horários de entrada e saída, através do Programa Vizinhança Segura, nas
entradas da UFRGS próximas ao Parque da Redenção (Campus Central) e buscaremos
que a reitoria solucione o problema da falta de iluminação, principalmente no
Campus do Vale.
3. No campo da diversidade, tivemos no último ano a reavaliação das
Cotas no Vestibular. Qual a análise da chapa com relação ao processo, ocorrido
em nível de CONSUN?
Nós fomos o único grupo a apresentar
um amplo projeto discutindo seriamente a proposta das Cotas no Vestibular,
protocolado sob o número 23078.014712/07-11.
Tal projeto foi base para a
rediscussão do Programa de Ações Afirmativas da Universidade e o que garantiu a
manutenção das cotas no patamar de 30% e a não desvinculação das cotas sociais
e raciais, sendo inclusive citado no Relatório Final da Comissão de Avaliação
da Política de Ações Afirmativa.
De fato, o DCE Livre sempre
esteve na vanguarda da discussão sobre a Política de Ações Afirmativas na
Universidade, que temos discutido desde 2007. Este ano, em especial, o
Vice-Presidente do DCE Livre e Tesoureiro da Chapa 4 Régis Antônio Coimbra,
autor do projeto apresentado ao Conselho Universitário (CONSUN), deu
entrevistas sobre o tema para o Correio do Povo e para a Revista Adverso,
publicação da ADUFRGS-Sindical.
Entendemos que é urgente a
implantação de ações afirmativas pela sociedade brasileira e gaúcha, tendo
nisso a UFRGS responsabilidade peculiar, porém fazendo as devidas críticas ao
modelo atualmente adotado, no sentido de que o atual modelo é:
1 - ineficiente para pobres, pelo
caráter paliativo, e com foco primário no ingresso artificial e apenas
secundário na permanência (até a conclusão);
2 - contraproducente para negros,
por introduzir ou exacerbar uma percepção de rivalidade racial;
3 - quantitativamente pouco
expressivo se aplicado à UFRGS ou às instituições estatais de ensino superior
em geral, conquanto estas representam uma pequena fração das vagas do ensino
superior como um todo
4 - qualitativamente temerário se
aplicado à UFRGS ou às instituições estatais de ensino superior em geral,
conquanto estas não primam tanto pela excelência do ensino e sim do
aprendizado, tendo sua notória excelência calcada na seleção – por sua vez
operada pelo atrativo da gratuidade e da reputação de excelência das mesmas
combinado com a acirrada competição pelas vagas nos concursos vestibulares –
dos alunos com melhores aptidões ou mais favoráveis condições materiais e
culturais familiares para a dedicação aos estudos – de tal modo que uma mudança
radical (envolvendo 40% do total dos alunos em cada curso) tende a alterar
significativamente o perfil dos alunos e dos cursos destas universidades.
Nossa principal crítica reside no
modo como o sistema está sendo inserido nas universidades, que acaba sendo mais
corporativista que propriamente social, visto que considera apenas o fato do
indivíduo ter estudado ou não em escola pública e não leva em consideração a
questão mais importante que é a renda.
Ainda, no ponto específico das
cotas raciais, a desvinculação do caráter social, como propunha a atual gestão
do DCE da UFRGS “É Primavera” acarreta na situação onde, visto a desnecessidade
de se ter cursado o ensino público estatal, negros oriundos das classes média e
alta, que tiveram o ensino em boas instituições privadas, teriam mais chances
de entrar na Universidade que aqueles das camadas pobres da população e que
mais precisariam do benefício.
Assim, não havendo revisão do
sistema, ao menos se garantiu que o percentual de vagas reservado às ações
afirmativas se mantivesse nos atuais 30% e, além disso, garantiu-se também a
não desvinculação das cotas raciais e sociais, haja vista que tal desvinculação
apenas prejudicaria os negros das classes sociais mais baixas, beneficiando
indivíduos com maior poder aquisitivo.
4. Qual o significado do termo “meio ambiente” para gestão proposta?
Existe aplicação desse significado em termos práticos nas propostas da chapa?
Meio ambiente é o espaço em que vivemos,
ou seja, não é restrito à visão estereotipada de árvores, lagos e passarinhos
cantando. É a sala de aula, o RU, os estacionamentos, etc... Essa interpretação
tem muito relacionamento prático com nossas propostas, pois é lá que está o
foco da chapa, ou seja, na melhoria das condições do meio ambiente para os
estudantes. Não propomos devaneios, nossas propostas são bem simples e muito
concretas, propomos mais segurança, propomos papel higiênico e sabonete nos
banheiros, diminuição na fila dos RU através da compra de créditos antecipados
para o Cartão da UFRGS, parceria com empresas para a compra dos exemplares mais
usados nas bibliotecas, armários para os alunos nos campi, cartão TRI gratuito enfim, propomos uma
melhoria em termos práticos no meio ambiente de todos os estudantes.
GESTÃO E MOVIMENTO ESTUDANTIL
5. Como seria a visão de sociedade ideal e saudável do grupo que compõe
a chapa?
O futuro de um país depende da
liberdade que é dada aos seus indivíduos. Assim, entendemos que uma sociedade
ideal e saudável é aquela onde existe plena liberdade econômica, ou seja, onde
não haja obstáculos ao empreendedorismo e as pessoas possam ganhar mais
dinheiro, de forma que haja mais postos de trabalho e, consequentemente, mais
bens e serviços à disposição da população, acarretando uma majoração da qualidade de vida de todas as pessoas.
Nós entendemos que a missão do
DCE é representar os estudantes através da defesa da excelência acadêmica e da
eficiência em projetos que tenham como foco prioritário a própria comunidade
universitária.
7. Como a chapa pretende se comunicar com os aprox. 40 mil estudantes
que serão representados pela gestão?
A principal função do DCE é
influenciar nos rumos da Universidade. Portanto, é dever de qualquer gestão
representar os interesses dos estudantes nos colegiados dos cursos e nos
conselhos superiores. Além disso, é preciso que se tenha diálogo com os
professores e técnicos que também participam das decisões da Universidade.
Assim, iremos informar os
estudantes, por meio do site e do jornal do DCE, dos principais assuntos
discutidos nestes órgãos e consulta-los, através do Portal do Aluno, quando
itens mais polêmicos estiverem em pauta nos Conselhos.
Pretendemos manter um
relacionamento mais direto com os estudantes, pois sabemos que muitos
diretórios e centros acadêmicos são controlados por militantes partidários que
em nada representam as opiniões dos estudantes de seus cursos, logo, para saber
o que o estudante quer e precisa, nada melhor que consulta-lo diretamente, sem
intermediadores.
8. Esse ano parece não haver ponto de polarização política nas
propostas, acarretando um clima de esvaziamento político na disputa. Qual a
análise da chapa sobre essa afirmação.
Existe uma polarização bem grande
entre as demais chapas e a chapa 4, visto que as outras são controladas por
partidos políticos de esquerda, quem estão mais preocupados em ter um palanque
eleitoral do que em representar seriamente os estudantes da UFRGS, todavia,
como nós não temos ligações partidárias, temos pouca divulgação e pouquíssimos
materiais, logo, não temos muito destaque nessas eleições, enquanto que as
outras chapas, por serem iguais e terem vultuosos financiamentos, passam o
clima errôneo de que não existe polarização e todas as propostas são iguais.
Vantagem não há. Os militantes
partidários, geralmente vagabundos que ficam anos na faculdade rodando sempre
nas mesmas cadeiras até serem jubilados, são um problema no movimento
estudantil. Para eles não interessa o que os estudantes querem, mas apenas o
que os partidos mandam. Isso tem que acabar.
A desvantagem é o desgaste que
isso causa ao movimento estudantil a partir do afastamento dos estudantes que,
com razão, vêem o DCE como um grupo de palhaços que só sabem obedecer ordens de
uma dada vereadora e não estão nem aí para os reais problemas dos estudantes,
como a falta de iluminação nos campi, a falta de papel higiênico e sabonete nos
banheiros, a insegurança, os ambulatórios sem pessoal capacitado e sempre
fechados, a fila dos RU que a cada ano está maior, etc...
10. Qual seria uma das principais metas da gestão?
Nossa principal meta é cumprir
com seriedade e competência tudo aquilo que propomos fazer, para que nos fim de
nossa gestão possamos olhar para tudo que, com muito esforço, construímos e
dizer “E não é que valeu a pena, por isso, faríamos tudo de novo!”
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