Por Gabriel Afonso Marchesi Lopes*
O Movimento Estudantil Liberdade foi fundado em 2006 por estudantes da UFRGS que não se sentiam representados pelo grupo, ligado ao PSOL e ao PSTU, que estava, na época, no comando do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS. O principal problema, conforme foi verificado, advinha justamente do fato daquela gestão ser ligada a partidos políticos, o que fazia com que os interesses partidários sobrepujassem os reais interesses dos estudantes. Assim, naquele ano foi lançada a primeira chapa de cunho apartidário da história da UFRGS, que tinha como lema “Um DCE para Estudantes, não para Militantes!” e se chamou DCE Livre.
Hoje, passados mais de 8 anos da fundação do Movimento Estudantil Liberdade, a idéia do DCE Livre, que era libertar a entidade máxima dos estudantes da UFRGS dos grilhões partidários e, com isso, voltar ao seu foco inicial, ou seja, atender as necessidades dos estudantes e não as necessidades dos partidos políticos, se espalhou pelas principais Universidades do país. O ideal do apartidarismo, que nasceu no DCE Livre – Movimento Estudantil Liberdade, agora encontra guarida e serve como base para grupos semelhantes na PUCRS, FURG, UnB, USP, UFRJ, UFMG, entre outras.
Esta ideia, da desvinculação partidária das entidades estudantis, não é um fim em si mesma, isto é, o objetivo não é meramente o afastamento dos partidos políticos, mas uma proposta de mudança de foco dos órgãos discentes com priorização da busca por benefícios concretos aos estudantes e defesa da excelência acadêmica como melhor forma de ensino, que é aquele voltado aos interesses acadêmicos e não o que se propõe a defender políticas do Governo Federal ou ideologias de partidos políticos.
Um conhecido provérbio diz que “Antes de iniciares a tarefa de mudar o mundo, dá três voltas na tua própria casa”. A filosofia do apartidarismo não pressupõe a completa aversão às questões conjunturais e macroeconômicas que permeiam as principais bandeiras dos partidos políticos, mas sim a sua não priorização frente às dificuldades e demandas locais do estudantado. Dessa forma, antes de sair às ruas para defender pautas partidárias a nível municipal, estadual ou federal, as entidades estudantis devem trabalhar para sanar os problemas daqueles que elas representam, os estudantes, que muitas vezes são prejudicados pela falta de respaldo em relação às questões curriculares, à quebra de pré-requisitos, problemas para conseguir estágio ou bolsa, falta de infra-estrutura e salas mal equipadas, problemas nos restaurantes universitários, etc...
Portanto, ao ter seu fim no próprio estudante, a entidade estudantil que adota o apartidarismo, no modelo proposto pelo Movimento Estudantil Liberdade, passa a trabalhar por uma formação de qualidade através de ações concretas, buscando compreender e solucionar os problemas dos estudantes, bem como, a promoção da aproximação entre os corpos docente, discente e administrativo da Universidade. Dessa forma, o apartidarismo se torna a melhor filosofia para aqueles que se preocupam e querem representar com seriedade e dedicação os interesses dos estudantes.
*GABRIEL AFONSO MARCHESI LOPES é Atuário e Estatístico pela UFRGS. É acadêmico do Bacharelado em Matemática e da Pós-Graduação em Perícia e Auditoria na UFRGS. É fundador do Movimento Estudantil Liberdade e foi Representante Discentes na Comissão de Graduação em Estatística, no Departamento de Estatística e no Conselho do Instituto de Matemática da UFRGS. Não é filiado a partido político.
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