sexta-feira, 8 de março de 2013

O Movimento Estudantil Liberdade e suas Galochas

Por Régis Antônio Coimbra*

Há 7 anos um grupo de estudantes da UFRGS fundou o Movimento Estudantil Liberdade, MEL, visando criar um contraponto organizado contra a hegemonia de esquerda ultra-radical que dominava o movimento estudantil tradicional da UFRGS e outras instituições estatais de ensino superior. A gota d'água foi uma prestação de contas absurdamente mal feita da gestão anterior do Diretório Central dos Estudantes, a qual levamos simultaneamente à Polícia Federal, ao Ministério Público, ao Conselho Regional de Contabilidade e à reitoria da UFRGS.

A reação foi violenta e a difamação contra os integrantes do MEL foi a tônica. É mesmo difícil não entrar nas brigas de bugio do movimento estudantil tradicional da UFRGS, feitas precisamente para afastar ao máximo a maioria dos estudantes da UFRGS de suas assembleias e eleições, o que perpetua as lideranças de esquerda ultra-radical, com pautas não raro da década de 1970 ou antes. No entanto, o Movimento Estudantil Liberdade conseguiu gradualmente conquistar a atenção de parte dos alunos que, de modo geral, consideram (com algum fundamento) o movimento estudantil da UFRGS como uma brincadeira de mau gosto e que usa o dinheiro público para celebrar pautas entre ruinosas e arruinadas.

Em 2009, uma chapa proposta pelo MEL conseguiu a façanha de, mesmo com todas as catimbas típicas das eleições do movimento estudantil da UFRGS, com urnas de pano que só abriam onde convinha à situação, eleger-se para a Diretoria Executiva do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS. Infelizmente, no entanto, parte dessa gestão sucumbiu aos vícios de falta de transparência que até então condenados nas gestões esquerdistas e essa falta de transparência levou-me, na condição não mais de estudante ou de advogado de chapa mas sim de advogado do DCE a levar às autoridades competentes um incidente de, em tese, apropriação indébita de dois membros da Diretoria contra a instituição da qual eu era advogado.

Isso levou a uma severa divisão no movimento, uma parte preferindo assumir o estilo de uma máquina eleitoral pragmática, outra insistindo no diferencial da proposta da transparência e da liberdade. Eu, inclusive retornando à UFRGS como aluno da graduação, escolhi a proposta original. Os que escolheram a nova proposta (a da máquina eleitoral) disseram inclusive que o MEL é coisa do passado. No que depender de mim, não.

O MEL, no que depender de mim, não terá no resultado eleitoral um fim que justificará quaisquer meios. Se é para fazer gestões sem transparência e, pior, sem respeito ao dinheiro do contribuinte em geral (já que o DCE recebe dinheiro da reitoria da UFRGS, bem como as sedes), dos alunos que fazem o cartão TRI ou de instituições que ao menos na gestão de 2009-2010 arriscaram-se a doar quantias significativas de recursos financeiros à instituição, prefiro que esquerdistas auto-caricaturais o façam. O objetivo do MEL não é fazer a sua própria versão da perversão típica do movimento estudantil da UFRGS, mas o questionar e minimizar na medida do possível, ciente (até pelo trauma de 2010) que a falta de transparência e o excesso de poder corrompe a qualquer um e por isso mesmo a transparência e os limites são fundamentais para a democracia, essa chata de galochas horrível até que consideremos as alternativas.


*RÉGIS ANTÔNIO COIMBRA é filósofo e advogado formado pela UFRGS. Especialista em Direito e Economia e, atualmente, é Acadêmico da Licenciatura em Dança pela UFRGS e Professor no Colégio Tiradentes da Brigada Militar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...