sexta-feira, 25 de julho de 2014

O que as belas almas estão pedindo a Israel?

Por Régis Antônio Coimbra*

Discordo da desproporção, no caso. O Hamas domina a estratégia; se o Hamas quiser paz, haverá paz; se o Hamas quiser guerra, haverá guerra. Israel não tem a iniciativa, não tem propriamente a escolha.

Não se trata de Israel matar bebês, mas do Hamas provocar Israel e se defender em meio a bebês. No meu entender, Israel deveria ter esperado um pouco mais para começar a invasão terrestre, mas agora que o aeroporto Ben Gurion ficou "interditado" por conta da percepção de risco devido à combinação de um foguete que atingiu suas cercanias e o trauma recente do incidente no nordeste da Ucrânia, essa é uma questão "acadêmica" no sentido pejorativo.

Israel precisa invadir por terra para buscar maior efetividade na destruição dos arsenais usados contra sua população. Esperar mais (antes da "interdição" do aeroporto) envolveria risco político no caso de um foguete, num "tiro sortudo", causar muitas mortes e envolvia ainda considerável desgaste com a opinião pública internacional sem conseguir destruir o arsenal do Hamas com a velocidade necessária. Isso explica a opção pela invasão por terra que, como já comentei, depois do problema com o aeroporto, seria inevitável.

Note-se que era exatamente o que o Hamas queria. Sua estratégia é a da provocação, da atração da invasão para capitalizar a lógica do ressentimento contra Israel entre o povo palestino - questão relevante para o recrutamento de novos militantes... no que a destruição constante da infra-estrutura civil também joga seu papel, diminuindo as alternativas dos jovens e tornando o Hamas uma espécie anômala de chefe do tráfico... no caso financiado pelas "belas almas" (algumas assumidamente antissemitas) que lhe dão apoio e cobertura - e com isso tentar conseguir capturar (vivos ou mortos) alguns soldados israelenses para negociar a libertação de prisioneiros.

É interessante tentar considerar quais seriam as alternativas de Israel. Deixar o Hamas o bombardear indefinidamente? Abrir mão da segregação? Isso diminuiria os ataques? Seria o caso de tentar, por uns 10 ou 20 anos, para ver se cansavam de se explodir em ônibus? Torcer para que a população israelense, cansada da abstenção do estado, não incorresse (muito) na auto-tutela (que foi o que desencadeou essa crise, com o assassinato de três jovens israelenses por jihadistas... seguido de assassinato de um jovem palestino por israelenses).

Sair da região?

Claro que nenhuma dessas alternativas é viável politicamente. Um governo israelense que resolvesse radicalmente se abster de contra-atacar não se reelegeria e é interessante de pensar por que não se reelegeria. A proposta de simplesmente sair da região também não é viável. E assim por diante. E, em cada um desses casos, não é realmente difícil de entender por que não é viável.

As condenações a Israel são uma espécie de manifestação de "oh, puxa... lamentamos muito isso e gostaríamos que milagrosamente se resolvesse...". Não podem ser levadas a sério como efetivos pedidos para que Israel não invada, não segregue, não bombardeie, alternativas que, em última análise, são variações do "por favor, Israel, não exista..."


*RÉGIS ANTÔNIO COIMBRA é 1º Vice-Presidente do Movimento Estudantil Liberdade. Filósofo e advogado formado pela UFRGS. Especialista em Direito e Economia e, atualmente, é Acadêmico da Licenciatura em Dança pela UFRGS e Professor no Colégio Tiradentes da Brigada Militar.

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