Por Gabriel Afonso Marchesi Lopes*
Os socialistas apregoam que a desigualdade de renda é o cerne de todos os problemas sociais, todavia isto não passa de uma falácia, um engodo que não encontra sustentação concreta, pois a desigualdade é inerente ao ser humano, uma vez que é próprio do indivíduo ser diferente, o que é um fator que o motiva a melhorar de vida, se igualando aos melhores através dos próprios méritos. Assim, o verdadeiro problema não reside na desigualdade, mas na pobreza, que é a miserabilidade do indivíduo definida a partir de uma condição absoluta de escassez de bens básicos imprescindíveis para a manutenção da dignidade humana.
Dessa forma, o aumento da desigualdade, ou da também chamada má distribuição de renda, não pode ser um fator desestabilizador da economia e nem um gerador de pobreza, pois é parte fundamental de uma economia de mercado, estimulando o progresso social e o desenvolvimento econômico, já que em um sistema onde existe desigualdade o indivíduo busca maximizar seu próprio bem estar, sendo assim levado a poupar e buscar investimentos que atendam da maneira mais eficiente suas necessidades. A soma destas atitudes individuais gera um ganho de escala e é justamente este capital que acarreta uma melhora no padrão de vida da população.
Por outro lado, sendo a pobreza oriunda da falta de acesso do indivíduo à bens e serviços básicos, temos que ela é resultante de uma relação de mercado onde a demanda por estes itens supera em muito sua oferta, fazendo com que a escassez implique em uma elevação de preços de tal forma que o indivíduo não consiga se capitalizar (acumular riqueza) o suficiente para atender suas necessidades, restando em uma situação de penúria.
Disto, temos que a pobreza nasce da conjunção entre a baixa capacidade de poupança do indivíduo e a baixa produtividade da economia. A baixa capacidade de poupança é advinda da baixa renda, que é baixa porque os produtos possuem um preço elevado, que é elevado porque a produção é insuficiente, o que faz com que a demanda seja maior do que a oferta. Logo, o caminho lógico para reduzir a pobreza é aumentar a produtividade, porém para aumentar a produtividade é necessário capital, cuja uma das fontes é a poupança dos indivíduos, quase inexistente dentro deste cenário.
Todavia, voltemos a questão da desigualdade e verifiquemos que um indivíduo, motivado por ambições e desejos pessoais, poderá tentar fazer melhores escolhas e poupar parte da sua ainda que escassa renda, para que no futuro tenha uma vida mais digna. O capital poupado por este indivíduo representa um aumento na poupança de toda economia, que terá como reflexo o aumento da produtividade, que implicará em uma redução da pobreza.
Portanto, ainda que haja um indivíduo em melhor condição de vida que os demais, o que significa que existe maior desigualdade, a pobreza geral diminuiu. Ou seja, a desigualdade não é um problema social, mas sim a solução para o verdadeiro problema da sociedade que é a pobreza, o que nos remete para uma cena dos anos 80, quando um deputado do parlamento inglês criticou a primeira ministra britânica Margaret Thatcher dizendo que em seu governo a desigualdade aumentou e que o abismo entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres era maior do que antes, no que a Dama de Ferro calmamente lhe respondeu: "Senhor deputado, todos os níveis financeiros estão melhores do que estavam em 1979. O que o honrado membro está falando é que preferia que os pobres fossem mais pobres, para que os ricos fossem menos ricos".
*GABRIEL AFONSO MARCHESI LOPES é formado em Ciências Atuariais (UFRGS/2007) e em Estatística (UFRGS/2013), com Pós-Graduação em Perícia e Auditoria pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Contabilidade da UFRGS. Foi Professor na UFRGS nas disciplinas de Probabilidade e Estatística e de Estatística Geral.
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