Por Gabriel Afonso Marchesi Lopes*
O Brasil é um país com altos índices de criminalidade e violência, porém não será desarmando o cidadão de bem que iremos contornar estes problemas. O Estatuto do Desarmamento é altamente ineficaz no combate ao crime, afinal quem é que já viu algum bandido ou traficante entregando suas armas de livre e espontânea vontade só porque o Governo disse que eles não podiam tê-las? Assim, é melhor possuir uma arma e nunca usá-la, do que precisar de uma e não a ter. Logo, a melhor política de segurança é o respeito ao direito do cidadão ter uma arma.
Contra o bom senso, o Estatuto do Desarmamento é hoje um instrumento legal que protege o bandido, pois lhe dá a segurança para atacar as pessoas e seus bens tendo a certeza de que não terá uma reação, de que encontrará apenas indivíduos indefesos e submissos, podendo praticar seus ilícitos livremente. Esta segurança do bandido é um fator que incentiva o crime, já que quando o meliante não sabe se a vítima está ou não armada, ele tende a evitar o confronto com medo de levar um tiro. Portanto, quanto maior é a capacidade de reagir do cidadão, maior é o número de crimes evitados.
O que o Poder Público está fazendo é tirar do cidadão o direito de se defender dos criminosos. Esta é uma intervenção indevida, pois cabe apenas ao próprio indivíduo a decisão de possuir ou não uma arma, é algo de foro íntimo e que não deve ser colocado jamais sob a tutela do Estado. Além disso, todas as pessoas têm direito à autodefesa de sua vida e de seu patrimônio, ainda mais no cenário atual onde o Governo tem dado fortes demonstrações de que não é capaz de garantir a segurança de todos os cidadãos. Assim, tendo o cidadão o direito de se autodefender, não pode o Estado cercear o acesso aos instrumentos de defesa.
De fato, a presença de cidadãos armados faz com que seja criado um ambiente com menos crime e mais segurança, onde há mais liberdade, pois existe um componente de dissuasão resultante do fato de que pessoas armadas não estão aptas a defenderem somente a si mesmas, mas também são capazes de defender o próximo que esteja em situação de risco. Isto é incomodo para o Governo, pois demonstra que ele não é o único ente capaz de proteger os indivíduos, que possuem a capacidade de viver sem interferência estatal e esta capacidade define a liberdade do indivíduo. Deste modo, para sermos livres, não precisamos de mais restrições sobre a propriedade privada, como aquelas propostas pelo Estatuto do Desarmamento, pelo contrário, é importante revogar as restrições existentes.
Enfim, o Estatuto do Desarmamento não é eficaz no combate ao crime, pois os bandidos já estão armados e conseguem mais armas sempre que quiserem. É ingênuo e potencialmente letal acreditar que ao desarmar o cidadão de bem, o Estado irá também reduzir o acesso às armas pelos criminosos. O fato é que a posse e o porte de armas são direitos que devem ser assegurados a todo e qualquer cidadão que seja apto, isto é, que comprove aptidão técnica e psicológica, bem como, que não possua antecedentes criminais. No momento em que o Governo se mostra incapaz de conter a violência, cabe apenas ao próprio indivíduo a decisão de defender a si mesmo e não será o porte de uma arma que o tornará um criminoso. O desarmamento diminui a segurança e, pior, diminui a liberdade da população, pois não existe liberdade quando não se há meios para se defender, seja de um bandido seja de um Governo opressor.
*GABRIEL AFONSO MARCHESI LOPES é formado em Ciências Atuariais (UFRGS/2007) e em Estatística (UFRGS/2013), com Pós-Graduação em Perícia e Auditoria pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Contabilidade da UFRGS. Foi Professor na UFRGS nas disciplinas de Probabilidade e Estatística e de Estatística Geral.
Mesmo eu, um notório bobão, provavelmente conseguiria matar quase qualquer um (num prazo razoável de seis meses), desde que eu não precise avisar quando e de que modo. Para tanto, não precisaria de autorização para o uso de armas de fogo.
ResponderExcluirIsso significa, também, que quase qualquer um conseguiria me matar, caso se decidisse a tanto, num prazo muito menor (pois não tenho nenhum especial sistema de defesa. Se eu andasse sempre armado isso não aumentaria a dificuldade ou risco de meu matador ser morto, ou identificado e processado, talvez condenado. Obviamente, também não precisaria de autorização de armas de fogo.
Uma maior proporção de armas de fogo circulando entre a população brasileira não aumentaria minhas chances de ser morto por alguém determinado a me matar. Talvez aumentasse (e muito) minhas chances de ser ferido acidentalmente por um bêbado ou outro desequilibrado episódico, ou por um desequilibrado crônico. Outro tanto, de certo diminuiria minhas chances de ser assaltado ou morto por um criminoso comum - que já não são muito altas, embora absurdamente altas para os padrões de países desenvolvidos e mesmo de países bastante bagunçados.
O maior número de mortes por armas de fogo no Brasil talvez não fosse significativamente afetado. São mortes de criminosos profissionais por outros criminosos profissionais, notadamente nas escaramuças entre traficantes. A sociedade e o estado brasileiros se regozijam com o fato de que se torturem e matem, e obviamente demanda mais pelo tráfico do que pela redução de danos entre os traficantes.
Talvez o maior benefício de um porte de armas descomplicado e generalizado para os brasileiros (não só o porte profissional, de policiais e de criminosos) fosse o fim de policiais batendo boca com cidadãos. Talvez se finalmente definissem protocolos claros para as abordagens e se finalmente deixasse claro: não se discute com o policial, mas com o administrador ou juiz. Todo cidadão, de bem ou muito ao contrário, após ser ordenado para isso ou aquilo e não obedecer, seria preso e algemado e os bate-boca não chegariam ao ponto da previsível estupidez.
A função mais urgente disso não seria evitar o crime, mortes ou a instalação insidiosa de um governo autoritário ou totalitário. A função disso seria quebrar a inconsequência e a rejeição de qualquer autoridade sob o argumento falso do repúdio ao autoritarismo - contribuição perversa das mais marcantes da guerra de hegemonia iniciada na década de 1960 no ocidente.