sábado, 28 de julho de 2012

Acionistas em greve - massas de capitalistas acabando com a luta de classes

Por Régis Antônio Coimbra*

Só não vejo no trabalho dos técnicos um trabalho manual ou não intelectual. Talvez se possa dizer que é um trabalho de apoio.

O capitalismo não valoriza o trabalho intelectual mais do que o manual, mas sim o trabalho desejado e que poucos conseguem fazer pelos mais diversos tipos de barreira, desde a experiência à graça, passando pela eficiência ou estilo que por qualquer razão seja valorizado (como o da celebridade cuja identidade confere valor a um trabalho, reportagem etc).

Numa sociedade pós-classes marxista o que temos são homens integrais, todos capazes de participar tanto das grandes decisões quanto da faxina. Como, em tese, são todos em média igualmente capazes, não há necessidade de um juiz e de um escrivão, ou de um professor e de um bibliotecário... e de um faxineiro. Em média, todos se podem revezar nas mais diversas tarefas. Mas... isso faz algum sentido?

Um grande enigma em Marx é se uma sociedade pós classes seria igualitária, ou em que sentido o seria. Vários grupos mesmo com interesse econômico podem ser compostos basicamente com pessoas de mesma formação e qualificação e, mesmo assim, tende a haver uma forte divisão de tarefas e diferenças de patamar remuneratório, seja em dinheiro, seja em reconhecimento.

É improvável que isso desapareça mesmo numa sociedade sem classes, salvo algum sistema de equivalência via próteses que leve todos a empatar em termos de competências diversas. A imagem não precisa ser distópica, num sistema repressor do talento; pode ser no sentido da supressão de deficiências.

No entanto, um igualitarismo radical é improvável se houver algum grau de especialização bem como se houver crises ou urgências que exijam e valorem competências específicas que se podem descobrir mesmo no calor das situações, gerando lideranças diversas. Um igualitarismo que não é de se jogar fora tende a se acentuar no sentido da supressão das tarefas mais subalternas por máquinas, inclusive com certos graus ou tipos de inteligência, capazes de fazer a faxina ou o trabalho mais bruto de pesquisa textual, por exemplo.

Num experimento mental de uma sociedade pós classes e mesmo pós industrial no qual todos são vendedores do próprio talento que, em última análise, pode ser o "talento" de ser simpático (ainda que de modos paradoxais) ou "sexy" - uma economia da sedução - é presumível que haja uma curva normal de talentos ou de reconhecimento de talentos. Não se trata de uma utopia na qual não há problemas, mas de uma situação na qual não se tem o problema da exploração de uma classe por outra.

O pagamento mesmo hoje não é todo em dinheiro, sob a forma de juro, lucro, salário ou honorários. Além de vantagens indiretas bem conhecidas como plano de saúde ou aposentadoria, ou descontos em farmácias, academias de ginástica ou bancos, há também as mais sutis relativas a simplesmente pertencer a uma corporação, grupo étnico, gênero (sexual) ou "indústria" mais organizada ou valorizada. Um servidor público, por exemplo, por ter maior estabilidade remuneratória, tende a pagar juros mais baixos em bancos; mulheres, por se envolverem menos em acidentes de trânsito graves, tendem a pagar menores seguros de automóveis (furto, roubo, danos materiais e pessoais próprios e de - causados contra - terceiros).

Nisso, aliás, é de se considerar uma grande gama de questões não muito abordadas por Marx ou pelos marxistas, como o das externalidades, isso é, dos custos que não aparecem (não por estarem escondidos, mas por não serem cobrados) nos preços, como a da tripla jornada de trabalho das mulheres, ou os custos ambientais. Também a necessidade de poupança e, enfim, boas decisões econômicas.

Não tanto por uma revolução violenta virando a mesa de discussões mas por mudanças sutis como a redução da fecundidade das populações, o cenário estudado por Marx em enorme medida desapareceu. Não existe mais um proletariado crescente, com enorme exército de reserva (de trabalhadores). Também não há crises recorrentes de superprodução e subconsumo por falta de capacidade de consumo da parte dos trabalhadores - ao contrário, os trabalhadores mesmo mais subalternos são capazes de consumo e mesmo de poupança, embora em muitas sociedades (como a brasileira) não sejam estimulados a isso.

Se um faxineiro é capaz de poupança e outro tem crédito, ambos são capitalistas, inclusive capazes de investir, seja emprestando a juros por conta própria, seja depositando numa conta remunerada bancária, seja comprando ações ou montando um negócio próprio. Não é uma "acabada" sociedade sem classes, mas certamente não é a sociedade de classes descrita por Marx como radicalizada no capitalismo.

Pode-se argumentar que assim como a empresa em geral pode ser descrita como um feixe de contratos, os bancos são feixes ainda mais centralizadores de decisões econômicas individuais. Nisso o principal problema não é o da exploração de uma classe por outra, mas problemas clássicos de agência, em que, assim como na política contemporânea, a economia contemporânea é dividida em mais ou menos pequenos investidores (pessoas físicas, pequenas ou até relativamente grandes empresas) e em grandes agenciadores desses investimentos - os bancos, os quais, no entanto, podem eles mesmos ser objeto de investimento dos pequenos investidores.

O problema seja pelo aspecto político, seja pela perspectiva econômico (divisão problemática) está na ficção (ou limites) das assembleias gerais, das eleições ou votações em geral.



*RÉGIS ANTÔNIO COIMBRA é filósofo e advogado formado pela UFRGS. Especialista em Direito e Economia e, atualmente, é Acadêmico da Licenciatura em Dança pela UFRGS.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Conselheiros do CONSUN são agredidos durante discussão sobre as cotas

Representante Discente Renan Pretto cercado por militantes
esquerdistas que agrediam os conselheiros do CONSUN
durante a reunião de hoje

Na UFRGS, é pública e amplamente conhecida a tática utilizada pelos grupos radicais de esquerda que, ao invés de defenderem suas propostas através do diálogo, se utilizam de agressões físicas e verbais para impor sua vontade. Esses mesmos indivíduos, que tanto criticam as ações do Regime Militar, não titubeiam na hora de usar de violência física contra quem pensa diferente deles, pois sabem que não serão punidos por seus atos.

Assim, em 2007, quando se deram os primeiros debates sobre as cotas, tais grupos lançaram mão a diversos atos de vandalismo e violência. Dias antes da votação, picharam os muros no entorno da UFRGS com frases racistas e, então, foram à imprensa para acusar a oposição de ser autora dos atos que eles mesmos praticaram. No dia da votação sobre as cotas, agrediram fisicamente quem era contrário à proposta, em especial o Representante Docente Professor Jair Ferreira e a Representante Discente Claudia Thompson, além de manterem em cárcere privado diversos conselheiros do CONSUN (Conselho Universitário). Quem tentava sair da sala era espancado pelos militantes e empurrado de volta. O pior de tudo é que, para esses grupos, tais atos são considerados normais e “aulas de democracia”.

Neste ano, as cotas voltaram à pauta do CONSUN, onde o programa foi rediscutido. Novamente, puseram em prática a velha e conhecida tática do “Corredor Polonês”. Assim, postaram-se às portas da Reitoria da UFRGS e, conforme os conselheiros iam chegando, eles iam sendo ameaçados verbalmente, coagidos da maneira mais baixa possível. Ainda, aqueles que não demonstrassem medo frente aos xingamentos eram agredidos com chutes e tapas na cabeça.

"Corredor Polonês" na entrada da Reitoria da UFRGS, nota-se
no canto à direita um manifestante armado com um pedaço de
madeira (clique na imagem para ampliar)
O que mais assusta neste cenário é o fato de que isto se dá em uma Universidade Federal. São estudantes universitários de uma das mais importantes universidades do país que estão agindo como animais e, movidos por uma doutrina socialista, atacam seus colegas estudantes, seus professores e os funcionários da UFRGS, tudo sob as vistas grossas da Reitoria, que não faz nada para impedir essa brutalidade.

Até quando vamos aceitar, impassíveis, que isso aconteça? Será sempre a força bruta prevalecendo sobre o diálogo?

Por fim, o DCE Livre repudia com a máxima veemência e deplora as agressões promovidas no dia de hoje pelos grupos de esquerda da UFRGS e manifesta que isto tem que ter um fim, os responsáveis por tais agressões não podem, mais uma vez, ficar impunes, pois a impunidade só incentiva a repetição de tais ações que a cada vez estão mais violentas.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Fome dos Estudantes usada como instrumento de greve

A UFRGS conta atualmente com 5 restaurantes universitários, nos Campi Centro, Saúde, Vale, ESEF e na Faculdade de Agronomia, que tem por finalidade o preparo e distribuição de refeições ao corpo discente, docente e técnico administrativo da universidade.

As refeições são servidas ao preço de R$1,30 para os estudantes em geral e R$0,50 para os alunos carentes, principais usuários.

Com a greve dos servidores, os RUs deixaram de funcionar, apesar de ser um serviço essencial para os discentes, visto que muitos continuam tendo aula, pois não houve adesão dos Docentes à greve.

Coordenador de Movimento Estudantil do DCE UFRGS
ex-Assistente Parlamentar da Bancada do PSOL/PoA
A atual Gestão do DCE da UFRGS, porém, ao invés de se posicionar ao lado dos estudantes e reivindicar o funcionamento dos RUs, prefere agir como a Rainha Maria Antonieta da França (déspota decapitada durante a Revolução Francesa) e dizer “Se não têm pão, que comam brioches” ou mais propriamente como disse um membro da atual Gestão “Todos os membros do DCE que ainda estão tendo aula como eu, (SIC) está comendo sanduíche ou trazendo comida de casa”, o que demonstra que se esquecem totalmente, por exemplo, dos moradores das Casas de Estudantes, que dependem exclusivamente dos RUs.

Outros justificam o apoio ao fechamento dos RUs como forma de pressionar o Governo Federal, ou seja, usam-se da fome dos estudantes para promover as bandeiras de seus partidos políticos.

Há na História um referencial para tal ato, que foi o que ocorreu na Ucrânia entre 1932-1933 e ficou conhecido como Holodomor, quando milhões de pessoas morreram de fome por conta da política esquerdista naquele país.

É inaceitável que se promova fome entre os estudantes com qualquer que seja o objetivo. É uma atitude desumana e que fere a dignidade de todo o corpo discente da Universidade. Apesar disso, a posição dos grevistas é de que “se a greve não for danosa ela não tem efeito”.

Não estamos questionando o direito de greve e nem o teor das reivindicações dos grevistas, mas o atendimento de um serviço imprescindível, uma vez que consta na Lei de Greve (Lei 7.783/89) a obrigatoriedade da manutenção da prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade (art. 11), constituindo abuso do direito de greve a sua inobservância (art. 14).

Ninguém tem dúvidas de que a alimentação é uma necessidade indispensável.

Assim, deploramos e repudiamos a atitude da atual Gestão do DCE da UFRGS, que mais uma vez se posiciona contra os estudantes ao ser favorável à manutenção do fechamento dos RUs por parte dos grevistas.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Invalidação da Assembléia Geral e Renúncia da atual Gestão do DCE da UFRGS

Ocorreu na manhã desta segunda-feira, dia 02 de julho, mais uma Assembléia Geral dos Estudantes da UFRGS, novamente organizada por grupos políticos ligados ao PSoL e ao PSTU.

Em razão das baixarias cometidas por grupos extremistas de esquerda que impediam, através de gritos, palavras de ordem e xingamentos, os estudantes não alinhados com seus partidos de se manifestarem na última Assembléia Geral, realizada no dia 11 de junho, o resultado dessa Assembléia foi um nítido esvaziamento.

O que se viu foi que a atual Gestão do DCE não é mais reconhecida pelos estudantes da UFRGS e perdeu a legitimidade para falar em nome deles, tanto que dos mais de 27 mil alunos matriculados, menos de 100 compareceram ao evento chamado pela atual gestão sem nem mesmo consultar o Conselho de Entidades de Base (CEB).

Não obstante a falta de representatividade da Assembléia de hoje em virtude da baixíssima participação dos estudantes, vale lembrar que ela também não foi legalmente válida devido à falta de quorum, como estabelece o Art. 13, Parágrafo único, do Estatuto do DCE (clique aqui para visualizar):

Art. 13.
Parágrafo único. Para deliberação, o quorum mínimo da Assembléia é de 2% (dois por cento) dos estudantes matriculados”.

Portanto, o DCE Livre, grupo de oposição à atual gestão do DCE da UFRGS, manifesta que a atual a atual gestão do DCE da UFRGS não tem mais legitimidade para falar em nome dos estudantes e, por conta de suas ações que buscam causar prejuízos aos estudantes apoiando uma “greve de docentes” que não possuí nem mesmo apoio dos docentes de nossa Universidade, deve formalizar sua renúncia para que o Conselho de Entidades de Base possa chamar novas eleições para a entidade o quanto antes.
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