Por Régis Antônio Coimbra*
Nessa greve interminável, para mim parece haver um conluio entre as empresas e os sindicatos, bem como uma conveniência política no conflito, isso é, um interesse estadual e federal no desgaste municipal.
Para os motoristas, são férias remuneradas - porque, apesar da ilegalidade total da greve do modo como ela se radicalizou, haverá "perdão" no "final", para que finalmente voltem ao trabalho - e para as empresas, relativa economia durante um período de pouco movimento e numa situação de passagens "pré-pagas" e efetiva capitalização de poder na negociação das suas remunerações que parecem tender por diversos interesses para um caráter cada vez mais desvinculado do preço da passagem.
A questão licitação tende a ser uma grande decepção. As barreiras para a entrada de um concorrente são muito grandes. Isso vale para empresas e para funcionários. Não há outras empresas em condições de substituir as que estão aí, nem motoristas em condições de substituir os que já estão empregados. Pode servir (não sei qual a real probabilidade ou do que depende mesmo havendo o raio da licitação) para dar um pouco mais de transparência num sistema realmente muito opaco e cheio de ruídos (notadamente peduricalhos).
Diminuir a jornada de trabalho é possível, mas de modo escalonado. Isso não quer dizer que seja uma boa ideia. Certamente envolveria severos custos adicionais num serviço sensível. Penso que é melhor investir na melhoria das condições de trabalho. Os tais de banheiros nos fins das linhas, ar condicionado etc são uma solução bem melhor e com melhor impacto na qualidade do serviço; reduzir a jornada de trabalho é o clássico remédio que justifica a manutenção da doença, a saber, as más condições de trabalho.
*RÉGIS ANTÔNIO COIMBRA é 1º Vice-Presidente do Movimento Estudantil Liberdade. Filósofo e advogado formado pela UFRGS. Especialista em Direito e Economia e, atualmente, é Acadêmico da Licenciatura em Dança pela UFRGS e Professor no Colégio Tiradentes da Brigada Militar.
Comentário do Jornalista Políbio Braga sobre a greve dos rodoviários em Porto Alegre
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