quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Acidente e descaso no RU3 da UFRGS

Emenda feita com sacola plástica
Na última terça-feira, 02, o Restaurante Universitário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, conhecido como RU3, voltou a figurar nas páginas dos jornais. Um acidente com um caldeirão feriu quatro trabalhadores, que foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro (HPS). Esta não é a primeira vez que o RU3 vira notícia. Em setembro do ano passado, o restaurante foi interditado pela Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) de Porto Alegre por falta de condições sanitárias adequadas.

Válvulas dos caldeirões com ferrugem
Os Restaurantes Universitários da UFRGS são dirigidos por Cassia Corbo, Diretora da Divisão de Alimentação (DAL) da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), e têm por finalidade o preparo e distribuição de refeições ao corpo discente, docente e técnico administrativo da Universidade. Em especial, o RU3, onde houve o acidente, está sob a gerência da servidora Noeli Terezinha dos Santos Adamatti. Toda estrutura está subordinada ao Pró-Reitor Ângelo Ronaldo Pereira da Silva.

Tubulações emendadas com fita adesiva
O Restaurante Universitário do Campus do Vale, conforme dados do ano de 2008 divulgados pela PRAE, é o RU mais utilizando pela Comunidade Acadêmica da UFRGS, tendo servido 504.255 refeições naquele ano. Em seguida, vem o RU1 - Centro (431.644 refeições), RU2 - Saúde (249.426 refeições), RU4 - Agronomia (106.318 refeições) e RU5 - ESEF (3.739 refeições). Assim, seu fechamento está causando enorme transtorno para todos os estudantes, sobretudo pelo fato de que as lancherias disponíveis no Campus não possuem estrutura para comportar a demanda e, além disso, cobram preços muito elevados em comparação com aqueles praticados pelo RU, que servia refeições à R$1,30, sendo isentos os estudantes carentes.

Saída de vapor do caldeirão regulada com latinha de milho
O acidente, que ocorreu por volta das 9 horas da manhã da última terça-feira, envolveu um caldeirão utilizado para o cozimento de feijão, que explodiu vitimando quatro funcionários. O sinistro está sendo apurado pelo  Departamento de Segurança no Trabalho e pela Superintendência de Estrutura da UFRGS, que ficaram responsáveis pela elaboração de um laudo indicando as causas da explosão.

Fotos divulgadas na internet após o acidente mostram as precárias condições de higiene e trabalho no Restaurante Universitário do Campus do Vale. Conforme as imagens, diversos equipamentos e canos possuem emendas feitas com fita adesiva e sacolas plásticas amarradas à tubulação para evitar vazamentos de água e gás. Diversas tubulações e conexões estão danificadas e com ferrugem. Ainda, a sujeira produzida pela cozinha é liberada diretamente no chão, por onde escorre através de bueiros.

Sujeira escoa através de bueiro no chão
Em setembro do ano passado, o Restaurante Universitário do Campus do Vale foi interditado pela Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) de Porto Alegre por falta de condições sanitárias adequadas, permanecendo fechado por 12 dias. Entre outros problemas, foi constatado o péssimo estado de conversação em utensílios de cozinha como tábuas de corte, caixas plásticas e panelas. Havia ainda coifas e canos de condução e gás com acúmulo de gordura, fator que propicia a presença de insetos, baratas e ratos. Ainda, a estrutura física da cozinha apresentava problemas como forro aberto, ausência de porta na área de manipulação de alimentos, fossas abertas exalando fortes odores, acúmulo de água no piso em função de vazamentos no encanamento, ausência de barreiras físicas eficientes para impedir a entrada de insetos e encanamento sem conexão com esgoto. Foram observados ainda lixeiras sem pedal e com acionamento manual da tampa, teto sujo, acúmulo de sujeira embaixo das pias e ralos abertos. A câmara fria também estava superlotada de alimentos, aspecto que prejudica a conservação dos produtos, além de não haver produtos como álcool gel, sabão e papel toalha, necessários para a higienização das mãos dos responsáveis pela manipulação dos alimentos.

Pró-Reitor Ângelo, responsável pela manutenção e
conservação dos Restaurantes Universitários
Diante disto tudo, o DCE Livre – Movimento Estudantil Liberdade – entende que os restaurantes universitários prestam serviço de assistência estudantil fundamental para toda a Comunidade Acadêmica e o descaso demonstrado pelo Pró-Reitor de Assuntos Estudantis Ângelo Ronaldo Pereira da Silva com a manutenção das condições de higiene e trabalho no RU3 afronta a própria dignidade do corpo discente da UFRGS.




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