No último dia 21 de junho, a ADUFRGS-Sindical divulgou o resultado do Plebiscito realizado junto aos docentes da UFRGS sobre a adesão à greve que atualmente atinge diversas IFES. Participaram deste plebiscito, que foi realizado de forma eletrônica, cerca de 42,07% dos Docentes da UFRGS e 80,05% destes se manifestaram contra a adesão à greve.
Frente a este resultado, a ANDES/UFRGS, entidade ligada ao PSOL e ao PSTU e que, da mesma forma que esses partidos que possuem baixíssima representatividade no cenário nacional, possuí pouca representatividade entre os professores de nossa Universidade, manifestou discordância a respeito deste plebiscito, destacando os seguintes pontos:
“1. Direcionada: o texto “informativo” inicial, de “introdução” às alternativas, claramente orientou a resposta;”
Ora, é de se convir que a questão da greve está sendo amplamente divulgada no cenário nacional e, além disso, através de seus apoiadores também é muito divulgada dentro da Universidade. É inverossímil que mero texto, de poucas linhas, vá “orientar a resposta” dos docentes.
“2. Descabida: a pauta da greve é unicamente a do ANDES-SN, considerando-se que todas as reivindicações do Proifes “já” estão atendidas, segundo afirmações do próprio texto “informativo” inicial, de “introdução” às alternativas;”
Aqui tentam descaracterizar o Proifes (Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior), mas é evidente a fragilidade do argumento, no sentido que tenta induzir o docente a aderir à greve proposta pela ANDES, que claramente não representa os docentes da UFRGS, sob a alegação de que as propostas do Proifes, que congrega a maioria absoluta dos docentes de nossa Universidade, já foram atendidas.
O que se pode tirar daqui, de fato, é que os docentes estão satisfeitos com a representatividade exercida pela ADUFRGS/Proifes e, como já dissemos, não consideram a ANDES significante. Não se trata de atendimento de demandas, mas de representatividade, o que é afirmado pela ANDES é equivalente à “Você que é do Partido X e já teve suas reivindicações atendidas, agora DEVE apoiar o Partido Y, que ainda tem reivindicações”. Isso sim é descabido.
“3. Constrangedora: de acordo com relatos de alguns sócios, houve, durante a consulta, um trabalho de “convencimento” (telefonemas, visitas a gabinetes, pressões, insinuações, etc.) sobre a necessidade de participar da consulta e votar “bem”;”
Constrangimento é ser obrigado a se posicionar contra ou a favor de algo sob os gritos e insultos dos militantes e é isso que acontece em “Assembléias ao Vivo”, um festival de baixarias que parece agradar muito a ANDES.
Exemplo disso é o que aconteceu na Assembléia Geral dos Estudantes da UFRGS, realizada no último dia 11 e que contou com a participação de menos de 2% dos estudantes da Universidade. Cada vez que alguém contrário ia se manifestar, esta pessoa era acuada pelos militantes, que impediam sua fala através de gritos, batucadas e insultos.
O trabalho de convencimento, através do diálogo, vai (e deve) existir, seja em se tratando de plebiscito eletrônico, seja em se tratando de assembléia presencial, a diferença é que na reunião presencial, além do diálogo, outro fator que pode ser usado no convencimento é aquele da humilhação, da exposição do indivíduo ao escárnio público, seja com o objetivo de convence-lo à mudar sua posição seja com o objetivo de tirar a sua credibilidade e fazer com que outros não tenham a mesma opinião que ele.
Os docentes da UFRGS não precisam e não devem passar por essa humilhação, da mesma forma que os estudantes já passaram.
"4. Ilegal: fere a lei de greve (Lei 7783), como forma de decisão da categoria;
5. Antiregimental: fere o regimento da própria entidade (Artigo 24)."
Isso é contraditório, pois considera que é mais legítima uma assembléia presencial, com menos participação, como a Assembléia Geral dos Estudantes da UFRGS, que foi presencial e teve participação de menos de 2% dos estudantes da UFRGS, do que um Plebiscito que contou com quase 50% da categoria, como foi o caso do Plebiscito Eletrônico realizado pela ADUFRGS.
Está claro que a ANDES, da mesma forma que o PSOL e o PSTU durante as eleições para o DCE da UFRGS, não está interessada em ouvir os docentes e representa-los com seriedade, mas, antes disso, quer obrigá-los a aderir às suas pautas partidárias, seja como for e com qualquer método, na clara linha de que “os fins justificam os meios”.
Por fim, a nota da ANDES termina com a seguinte colocação:
“Você que não votou (e é maioria na UFRGS!), você que não acredita, some-se à mobilização para pressionar o governo.”
Realmente a maioria não votou (57,93%), mas é importante dizer que para que a proporção de professores favoráveis à greve seja de, no mínimo, 50%, ou seja para que o número de professores favoráveis à greve seja o mesmo que o número de professores contrários à greve, a proporção de docentes que não votaram e que deveriam ser favoráveis à greve deveria ser de 71,82%, o que não condiz com o que pode-se observar na prática.